Economia

Mário Ferreira ainda poderá ter de lançar OPA sobre a Media Capital

Apesar de a Prisa ter anunciado um acordo para vender os seus 64,47% da Media Capital, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários vai continuar a analisar se o acordo parassocial assinado pelo grupo espanhol e o empresário Mário Ferreira, em maio, não obrigará este empresário a lançar uma OPA. Preço é uma incógnita.

Mário Ferreira ainda poderá ter de lançar OPA sobre a Media Capital

Pedro Lima

Editor-adjunto de Economia

O acordo do grupo espanhol Prisa para vender os seus 64,47% da Media Capital a um grupo de acionistas portugueses -, entre os quais os donos da Lusiaves e da CIN entre os novos acionistas assim como figuras públicas como Tony Carreira, Cristina Ferreira e Pedro Abrunhosa -, poderá não ser suficiente para afastar a obrigatoriedade de lançamento de uma oferta pública de aquisição (OPA) pelo empresário Mário Ferreira sobre a Media Capital.

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) mantém em curso a análise quanto a uma eventual concertação da Prisa com Mário Ferreira, o dono da Douro Azul que a meio de maio comprou 30,22% da Media Capital por 10,5 milhões de euros. Na altura a Prisa e o empresário assinaram um acordo parassocial que, entre outras coisas, determinava que as posições de cada um teriam de ser vendidas com autorização um do outro e em que procuravam em conjunto novos investidores para a Media Capital. A CMVM fez então saber que estava a analisar a possibilidade de haver ali concertação entre os dois. E, havendo, Mário Ferreira teria de lançar uma OPA sobre a Media Capital.

"A aferição pela CMVM da potencial existência de concertação entre a Prisa e a Pluris [empresa de Mário Ferreira] prosseguirá, não sendo afetada pela futura e eventual (porque sujeita ainda a apreciação em Assembleia Geral da Prisa) alienação da participação detida ainda pela Prisa no capital do Grupo Media Capital", diz a CMVM ao Expresso.

Se no entender da CMVM houver concertação, com o anúncio, pela Cofina, de uma OPA geral sobre a Media Capital, por 0,415 euros cada ação, Mário Ferreira teria de lançar uma oferta a um preço 2% acima do preço oferecido pela Cofina, ou seja, pelo menos 0,4233 euros. Este seria o valor mínimo já que o preço oferecido pela Cofina poderá não ser os 0,415 euros e sim um preço superior, atendendo a que o valor da OPA vai ser determinado por um auditor independente.

Mas agora, admitindo que a CMVM decide efetivamente forçar o empresário a lançar a OPA, qual o preço que se aplica? Os mesmos 0,4233 euros (ou o preço que resultar da determinação do auditor)? Ou um preço superior, atendendo a que a Prisa acordou vender esta sexta-feira os seus 64,47% por 0,6763 euros cada ação?

Uma questão que a CMVM não comenta. Na realidade, primeiro será preciso decidir se Mário Ferreira tem mesmo de lançar a OPA. Se sim, depois se verá qual o preço a que terá de o fazer.

Sobre a OPA lançada pela Cofina, a CMVM apenas refere que "o procedimento de análise pela CMVM da OPA anunciada pela Cofina seguirá os seus termos, dado não estar sujeita a qualquer condição quanto à manutenção da participação pela Prisa no capital do Grupo Media Capital. No presente, aguarda-se a determinação da contrapartida mínima por auditor independente".

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: PLima@expresso.impresa.pt

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