Economia

Covid-19 leva resultados da Sonae ao vermelho, Continente reforça a liderança

Covid-19 leva resultados da Sonae ao vermelho, Continente reforça a liderança

“O segundo trimestre de 2020 foi seguramente um dos trimestres mais desafiantes da história da Sonae”, diz a presidente executiva Cláudia Azevedo, sem esquecer a guerra das rendas nos centros comerciais, com referências à "elevada incerteza quanto ao recebimento de rendas devido a uma legislação sem precedentes"

“O segundo trimestre de 2020 foi seguramente um dos trimestres mais desafiantes da história da Sonae”, afirma Cláudia Azevedo, presidente executiva do grupo no comentário aos resultados do primeiro semestre, marcados por um crescimento de 6% nas vendas, que passaram os €3,1 mil milhões, e por prejuízos de €75 milhões, contra lucros de €38 milhões no período homólogo.

Na análise do desempenho num período em que o grupo teve muitas operações encerradas durante várias semanas, Cláudia Azevedo separa claramente as águas entre o antes e o pós pandemia: “Depois de um bom início de ano, fomos atingidos pela pandemia Covid-19 em meados de março e foi durante o segundo trimestre que sentimos os principais impactos desta situação sem precedentes (...). Todos os nossos negócios foram severamente afetados por este contexto adverso”, diz.

A explicar a entrada no vermelho, o comunicado enviado esta quarta-feira pela empresa para apresentar os seus resultados à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) afirma que foram influenciados “pelo total de contingências contabilísticas (non cash) de 76 milhões de euros no primeiro trimestre e pela redução da avaliação do portfólio da Sonae Sierra no segundo trimestre, ambas diretamente relacionadas com a covid-19".

No registo contabilístico, a empresa refere as vendas no segundo trimestre aumentaram 5% (€1,6 mil milhões) e que o EBITDA subjacente caiu 5%, para os €229 milhões, enquanto o EBITDA desceu 8,9%, para os €256 milhões. A rentabilidade operacional mantém-se “numa base comparável”, diz a empresa.

Investir e reduzir dívida

Quanto à dívida, diminuiu €498 milhões ou 28,4%, para os €1,257 milhões, com o perfil de maturidade a passar os 4 anos.

No campo dos investimentos, a empresa refere €113 milhões, €89 milhões dos quais na Sonae MC (Continente) que registou um crescimento homólogo 11,5%, para os €2.431 milhões (8,3% numa base comparável de lojas), reforçando a posição de liderança de mercado.

“Este desempenho reflete um impacto extraordinário do covid-19, demonstrando a superioridade da proposta de valor dos formatos de retalho alimentar da Sonae MC, especialmente importante num sector em que permanece a restrição de 5 clientes por 100 m2 nas lojas”, destaca o comunicado da empresa. O negócio online, com crescimento de dois dígitos também é destacado, assim como a criação de postos de trabalho no período de um ano: 1.500.

No retalho de eletrónica, a Worten, onde o online também aumenta a dois dígitos, “teve um forte segundo trimestre em termos de vendas e rentabilidade, apesar de contextos muito diferentes em Portugal e em Espanha” e viu o volume de negócios crescer 6% em termos homólogos, atingindo €250 milhões no segundo trimestre e €482 milhões no final do semestre.

Na Sonae Fashion, num semestre atípico, com lojas encerradas e quebras de vendas de 25%, para os €131 milhões, o grupo sublinha que a MO e a Zippy “alcançaram o valor das vendas online de 2019 apenas num trimestre”, com valores 6 e 5 vezes superiores aos números homólogos, respetivamente,

Na Sonae Sierra, que viu os resultados dos centros comerciais serem impactados pelo efeito da pandemia na avaliação dos ativos, a empresa só dá números do segundo trimestre, avançando um prejuízo de 56 milhões de euros dividido entre resultado direto (-3 milhões) e resultado indireto (-53 milhões) numa base contabilística proporcional.

E Cláudia Azevedo fala da “situação particularmente desafiante da empresa, nomeadamente em Portugal”, com os seus centros comerciais “praticamente encerrados durante o trimestre e uma elevada incerteza quanto ao recebimento de rendas devido a uma legislação sem precedentes (apesar dos acordos que tinham sido já celebrados com a grande maioria dos lojistas)”.

Sobre a NOS, o volume de negócios atingiu €667 milhões no primeiro semestre (-7,6%) e o desempenho ressentiu-se, entre outros fatores, da “ausência de espetadores de cinema devido ao encerramento das salas, decréscimo significativo das receitas de roaming, suspensão da faturação de canais premium (em abril e maio)”.

“A divisão de Exibição Cinematográfica e Audiovisuais foi a mais afetada em termos relativos (mais de 40% em termos homólogos), dado o encerramento completo dos cinemas desde 16 de março”, afirma o grupo.

Sobre o futuro, Cláudia Azevedo sustenta que "neste contexto difícil é essencial manter uma posição financeira sólida", admite que os próximos meses "irão trazer diferentes tipos de desafios", mas diz "estar cofiante de que Sonae os irá ultrapassar".

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