Economia

Venda de seguros derrapa 27,5% nos primeiros seis meses do ano

Margarida Corrêa de Aguiar, presidente da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF).
Margarida Corrêa de Aguiar, presidente da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF).
JOÃO RELVAS/LUSA

O decréscimo da produção de seguro direto em Portugal foi fortemente influenciado pelo decréscimo de 50% do ramo Vida. O não vida cresceu 4,8% com destaque para o segmento doença

Venda de seguros derrapa 27,5% nos primeiros seis meses do ano

Isabel Vicente

Jornalista

A produção de seguros caiu no primeiro semestre deste ano 27,5% face a igual período de 2019. Para isso contribuiu o decréscimo do ramo Vida, na ordem dos 50%, para o qual pesou a diminuição acentuada de 80% dos PPR, revela o relatório da Autoridade de Supervisão dos Seguros e Fundos de Pensões (ASF).

Em junho de 2020 o peso dos PPR na carteira do ramo Vida caiu de 42,2% nos primeiros seis meses de 2019 para 16,8% em igual período de 2020. Em termos de valor a queda foi de 1,6 mil milhões de euros para cerca de 320 milhões de euros.

Segundo o relatório do supervisor dos seguros liderado por Margarida Corrêa de Aguiar, "apenas os seguros de vida ligados bem como os PPR não ligados, apresentam taxas de crescimento dos resgates positivas". A taxa de resgate está em linha com 2019.

Segundo a ASF, em junho de 2020 o valor das carteiras de investimentos das empresas de seguros ascendeu a 51 mil milhões de euros, o que corresponde a uma diminuição de 3,7% e as provisões técnicas caíram 2,5% para 45,3 mil milhões.

Os resultados líquidos das empresas de seguros sob a alçada da ASF ascenderam a 199 milhões de euros nos primeiros seis meses de 2020, quando em 2019 haviam ascendido a 219 milhões de euros, um decréscimo de 9%. Das 40 empresas sob a supervisão prudencial do supervisor dos seguros, 36 registaram resultados positivos.

O rácio de cobertura do requisito de capital de solvência (que mede a relação entre fundos próprios necessários para absorver perdas resultantes de um evento de elevada adversidade) foi de 165%, percentagem que refletiu um decréscimo de 13 pontos percentuais face ao final de 2019.

Já o rácio de cobertura de capital mínimo (nível mínimo de fundos próprios abaixo do qual se considera que os tomadores de seguros, segurados e beneficiários ficam expostos a um grau de risco inaceitável) foi de 462%, o que refletiu um decréscimo de 33 pontos percentuais face ao rácio relativo ao final de 2019.

Ramo Não Vida cresceu 4,8%

Já a produção dos ramos Não Vida no total do mercado ascendeu a 2786 milhões de euros, mais 127 milhões que nos primeiros seis meses de 2019. Segundo a ASF destaca-se o crescimento de 9,5% no ramo doença e também os ramos incêncio e outros danos e o ramo automóvel que apresentaram acréscimos de 6,2% e 3,9% , respetivamente.

O ramo de acidentes de trabalho registou também um crescimento de 5,5% no período em análise.

Quanto aos custos com os sinistros dos seguros, o valor manteve-se "praticamente semelhante ao registado em junho de 2019. Porém o ramo automóvel e acidentes de trabalho apresentaram decréscimos de 9,9% e 6,5% repetivamente. Para isso terá contado o efeito da pandemia e respetivo confinamento. Já os dados do ramo incêndio aumentaram 36,8%, revela a ASF. "O rácio custos com sinistros versus prémios emitidos diminuiu 9 pontos percentuais, para 69,6% quando em 2019 estava nos 78,6%".

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