O sector do turismo tem sido um dos mais penalizados pela pandemia de covid-19 e os números expressam com clareza o impacto na economia portuguesa, onde tem grande peso na atividade económica e nas exportações. Mais ainda, o sector tarda em sentir uma retoma da atividade.
Os dados do Banco de Portugal sobre a Balança de Pagamentos, publicados esta quarta-feira, indicam que em junho as exportações de bens e serviços caíram 25,9% em termos homólogos. E o banco central destaca as viagens e o turismo, onde as exportações encolheram 78,7% em junho face ao mesmo mês do ano passado.
Já as importações de bens e serviços recuaram 23,4% em junho em termos homólogos, com a quebra a sentir-se também de forma marcada nas importações de viagens e turismo (menos 57,4%).
Como resultado, o saldo das viagens e turismo, tradicionalmente forte no comércio externo português, diminuiu 967 milhões de euros em junho, indica o Banco de Portugal.
Olhando para o conjunto do primeiro semestre do ano, o banco central constata que o saldo conjunto das balanças corrente e de capital foi negativo, em 1985 milhões de euros, agravando-se face ao défice de 1662 milhões de euros em igual período de 2019.
Este saldo "resulta dos défices das balanças de bens e de rendimento primário, que foram apenas parcialmente compensados pelos excedentes das balanças de serviços, de rendimento secundário e de capital", aponta o Banco de Portugal.
Ainda assim, no primeiro semestre do ano, o défice da balança de bens diminuiu 1623 milhões de euros face ao período homólogo.
Já no que toca aos serviços, o excedente da balança decresceu uns expressivos 3555 milhões de euros. "Esta redução foi maioritariamente justificada pelo decréscimo acentuado do saldo da rubrica de viagens e turismo, de 3027 milhões de euros", frisa o Banco de Portugal.
Foi o resultado de nos primeiros seis meses do ano as exportações de bens e serviços decrescerem 22,8% (16,5% nos bens e 34,8% nos serviços) e as importações diminuírem 18,1% (17,3% nos bens e 22% nos serviços).
Também no primeiro semestre, o défice da balança de rendimento primário reduziu-se 1268 milhões de euros relativamente ao período homólogo, para -1848 milhões de euros.
Esta "diminuição do défice foi, em grande medida, justificada pela redução do pagamento de rendimentos de investimento a entidades não residentes", explica o banco central.
Ao mesmo tempo, o excedente da balança de rendimento secundário decresceu 96 milhões de euros, "o que ficou a dever-se a um aumento do pagamento de transferências correntes ao exterior, por comparação com o período homólogo", indica o Banco de Portugal.
Por seu turno, o saldo da balança de capital cresceu 439 milhões de euros face ao mesmo período do ano anterior, "em resultado sobretudo de um aumento dos recebimentos de fundos comunitários", destaca o banco central.
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