Economia

Novo Banco vendeu seguradora a empresário condenado por corrupção e fraude fiscal (e gerou perdas de 268,2 milhões para os contribuintes)

Novo Banco vendeu seguradora a empresário condenado por corrupção e fraude fiscal (e gerou perdas de 268,2 milhões para os contribuintes)
FOTO JOSÉ CARLOS CARVALHO

Negócio aconteceu em outubro do ano passado, revela o Público. Grupo comprador está ligado a norte-americano condenado por corrupção e fraude fiscal, mas o banco garante a idoneidade da empresa e diz que “venda foi realizada com acordo expresso do Fundo de Resolução”. Promete ainda analisar “juridicamente” o conjunto das recentes notícias do jornal

Expresso

Em outubro de 2019, o Novo Banco (NB) vendeu a seguradora GNB Vida ao grupo de investimento Apax Partners, numa operação que foi feita com um desconto de 68,5% face ao último valor contabilístico da empresa, e gerou perdas de 268,2 milhões de euros - que foram cobertos pelo Fundo de Resolução.

A notícia é avançada esta segunda-feira pelo jornal Público. A empresa em questão tem agora o nome de Gama Life e gere as poupanças de milhares de clientes do NB.

Além disso, aponta o Público, os fundos da Apex Partners eram detidos pela empresa Global Bankers Insurance Group, por sua vez detida por Greg Lindberg - um norte-americano magnata do sector segurador que foi condenado este ano por corrupção e fraude fiscal nos EUA, decisão de novo confirmada na última semana.

Inicialmente, em 2018, o negócio iria custar 190 milhões de euros, mas o processo acabou por ser fechado por 123 milhões, apesar dos resultados positivos da empresa. Os contornos da transação levaram a uma queixa junto da ESMA - a Autoridade Europeia de Mercados e Títulos (regulador europeu) - e que foi subscrita por quem tem envolvimento e interesse directo no Novo Banco.

A denúncia sugere que Byron Haynes e António Ramalho, da administração do banco, tenham atuado em "conluio" com Paulo Ramos Vasconcelos, CEO da GNB Vida até então, para lesar os contribuintes portugueses, representados através de dinheiro público no Fundo de Resolução. Na altura, a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) não levantou entraves à realização do negócio, acrescenta o Público.

Notícia atualizada às 9h45, com reação do Novo Banco à notícia do Público

Numa reação em comunicado à notícia, o Novo Banco reforça justamente que "o comprador obteve idoneidade por parte da ASF", e garante que "o preço final da transação foi o melhor e resultou de um processo organizado de venda, competitivo e transparente, com o acordo do Fundo de Resolução." Além disso, indicam que a "campanha continuada do [jornal] Público será analisada juridicamente" no seio do Novo Banco.

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