Covid-19: metade das empresas têxteis vai reduzir postos de trabalho

E uma em cada quatro diz que o corte vai ser superior a 10%, apesar das medidas definidas pelo governo, revela inquérito da associação sectorial ATP
E uma em cada quatro diz que o corte vai ser superior a 10%, apesar das medidas definidas pelo governo, revela inquérito da associação sectorial ATP
Jornalista
Metade das empresas do sector têxtil e vestuário admite que vai ter de reduzir os postos de trabalho e uma em cada quatro avança uma estimativa de corte para o emprego superior a 10% apesar das medidas definidas pelo Governo, mostra o inquérito da associação sectorial ATP, divulgado esta sexta-feira.
No período compreendido entre abril e julho, mais de metade das empresas do sector tiveram uma quebra no volume de negócios superior a 30% e as expectativas para 2020 apontam na mesma direção: 46% acredita vir a ter uma quebra acima de 30%.
"Os instrumentos de auxílio à recuperação da atividade das empresas têm de chegar imediatamente ao universo para que foram criados – as próprias empresas – sob pena de, a partir de setembro, o país poder assistir a uma vaga de insolvências de que necessariamente resultará o aumento exponencial do desemprego, diz Mário Jorge Machado, presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP)", citado pelo jornal T, publicação desta estrutura representativa do sector.
Sobre a retoma, salienta que "devido à grande volatilidade que caracteriza o atual momento, as expectativas estão muito difusas e incertas", com 80% dos inquiridos a prever uma retoma inferior a 60% para o mês de setembro.
Metade das empresas utilizaram ou estavam a utilizar o lay-off simplificado e as linhas de crédito no final de julho, quando este inquérito foi realizado, sendo o fim do lay-off simplificado uma das principais preocupações dos empresários na atual conjuntura.
Quanto às medidas pedidas pelo sector para fazer face ao quadro atual, o destaque vai para a necessidade de rapidez, simplificação e menos burocracia nas medidas de auxílio. Na ausência do lay off simplificado, sugerem um mecanismo de apoio para negócios com quebras de atividade ou faturação a partir dos 20%. Os empresários defendem, ainda, mais incentivos ao investimento na indústria em áreas como a modernização e a internacionalização, mas também pagamentos mais rápidos por parte do Portugal 2020, aumento da comparticipação ao investimento, aumento do incentivo a fundo perdido, aprovação mais célere das candidaturas submetidas e a prorrogação dos prazos de implementação dos projetos de investimento.
A nível fiscal, solicitam, por exemplo, a redução de da TSU e do IRC sobretudo para empresas mais afetadas. Ao mesmo tempo, o sector sinaliza como fundamental o reforço das linhas de crédito, uma política de seguros de crédito à exportação adaptada à realidade e uma maior flexibilização no pagamento de dívida a médio prazo.
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