Banco de Portugal pede explicações ao Novo Banco sobre perdas de €260 milhões com fundos de reestruturação

O Novo Banco inscreveu perdas de 260 milhões de euros nos resultados do primeiro semestre deste ano sem informar o Banco de Portugal, conta o Público na sua edição desta quarta-feira. Estes 260 milhões estão relacionados com fundos de reestruturação que não estavam envolvidos no mecanismo que calcula as injecções de dinheiro do Estado. Por essa razão, o regulador já pediu esclarecimentos à equipa liderada por António Ramalho.

“O Fundo de Resolução não teve intervenção nesta matéria”, disse fonte oficial do Banco de Portugal ao Público, que cita uma outra fonte do regulador que mostrou desagrado por o Novo Banco não estar a ser sensível à crise criada pela pandemia de covid-19, e em vez disso continuar a limpar de forma agressiva o seu balanço, bem como a revalidar as carteiras de ativos durante um período alargado de tempo - algo que o próprio Banco Central Europeu já aconselhou todo o sector a não fazer nesta fase.

O Novo Banco diz que a sua exposição em títulos associados às operações de cedência de crédito ascendia a um valor de 839,9 milhões de euros no final de 2019, e baixou para perto de 500 milhões segundo as contas do primeiro semestre deste ano, originando as perdas de 260 milhões agora inscritas no Fundo de Resolução.

Este veículo, que tem precisado de empréstimos estatais para cobrir as suas responsabilidades perante o Novo Banco, já injectou três mil milhões de euros no Novo Banco, desde que este foi comprado pelo fundo Lone Star. Pode ainda ter de gastar outros 900 milhões de euros, tendo em conta o acordo assinado em 2017, aquando da venda.