Economia

Lucros da Navigator caem 53,6% para 44 milhões de euros

Lucros da Navigator caem 53,6% para 44 milhões de euros

Por causa da pandemia, nos primeiros seis meses do ano vendeu-se menos papel para impressão, mas mais pasta de papel. A Navigator conseguiu ainda abater 96 milhões de euros à sua dívida

Lucros da Navigator caem 53,6% para 44 milhões de euros

Vítor Andrade

Coordenador de Economia

A Navigator registou um lucro líquido de 44 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano, uma quebra de 53,6% face a igual período de 2019. Já as vendas totais da empresa papeleira caíram 18,5%, dos 854,1 milhões de euros, no primeiro semestre do ano passado, para 695,5 milhões entre janeiro e julho deste ano.

O confinamento em vigor nos meses de abril e maio nas principais geografias onde a Navigator opera resultou num volume de vendas de papel (do tipo UWF) de 598 mil toneladas, inferior em 17% ao valor registado nos primeiros seis meses do ano passado. No entanto, as vendas de pasta cresceram 56% para 193 mil toneladas e as vendas de tissue 10% para 52 mil toneladas.

De acordo com a empresa, “a queda expressiva da atividade económica teve forte impacto na indústria dos papéis gráficos mas, não obstante as fortes restrições sociais de confinamento (com o tele-trabalho e a tele-escola), não foi o consumo dos formatos reduzidos o mais impactado, mas sim o segmento da indústria gráfica, com a redução da atividade de publicidade e de impressão comercial, que penalizou particularmente o negócio de folhas”.

Quebras na Europa

A Navigator nota ainda que se verificaram também variações significativas entre os mercados europeus, com os países que impuseram menores restrições de confinamento (como a Alemanha, Suécia, Holanda) a evidenciarem quedas menores do que aqueles que foram mais penalizados por estas medidas (como Reino Unido, Espanha e Portugal).

A Navigator refere que, mesmo num contexto tão adverso, e como forma de tornar a empresa mais resiliente, foi possível reduzir a dívida em 96 milhões de euros para 700 milhões.

Menos CO2 a sair das fábricas

A empresa deu continuidade ao seu plano de descarbonização, prosseguindo com o investimento na caldeira de biomassa no complexo industrial da Figueira da Foz, num montante de 11,4 milhões de euros. Este investimento permitirá reduzir em 81% as emissões de CO2 nesta unidade e em cerca de 20% no universo Navigator (decréscimo na ordem das 155 mil toneladas de CO2/ano), o que permitirá à fábrica ser 100% renovável no que toca à produção de energia elétrica.

Ainda no domínio da energia importa referir que a empresa, no primeiro semestre de 2020, faturou 73 milhões de euros com a venda de eletricidade gerada nas suas centrais, o que representa uma redução de 11,9% face ao período homólogo do ano anterior. Em termos de volume de venda em gigawatts, a redução verificada para o mesmo período foi de 4,1%.

Nota ainda para o facto de o cash flow livre gerado no primeiro semestre ter ascendido aos 114 milhões de euros, valor que compara com 101 milhões no período homólogo de 2019.

Recorde-se que, no 1º trimestre do ano em curso, o cash flow livre gerado tinha sido de 15 milhões de euros, “o que expressa um enorme aumento (para 99 milhões de euros) no 2º trimestre, precisamente num período em que se fez sentir o pleno impacto da pandemia”, relembra a empresa. Esta evolução foi possível, segundo os responsáveis da Navigator, “pela gestão muito eficaz do fundo de maneio” da empresa.

Recuperação progressiva à vista

Alguns sinais positivos recentes permitem, segundo os mesmos responsáveis, antever uma recuperação progressiva do sector, mas provavelmente lenta, uma progressão alinhada com a recuperação económica, mas ainda numa conjuntura de forte incerteza e de grande volatilidade.

“Após um esforço importante de preparação do período sazonalmente fraco de Verão, a Navigator regista atualmente um nível da entrada de encomendas próximo do normal para esta época do ano, com uma carteira de encomendas em Julho de quase 40 dias (a quarta mais alta para esta época em 11 anos) e que se situa muito acima da média da indústria”, referem os responsáveis da papeleira.

Porém, o risco de uma segunda vaga da situação pandémica persiste, nomeadamente nos mercados externos da Europa, com o impacto negativo que pode trazer para as empresas exportadoras como a Navigator. A pressão no preço de papel que se tem sentido ao longo do segundo trimestre poderá manter-se colocando pressão adicional num período tradicionalmente mais fraco em termos de atividade.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: VAndrade@expresso.impresa.pt

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