Economia

“É possível prevenir a diabetes” com políticas de saúde a longo prazo

A jornalista da SIC Notícias, Rita Neves (no topo), moderou uma conversa que contou com (de cima para baixo no sentido dos ponteiros do relógio) Paula Martins de Jesus, João Filipe Raposo, Cristina Gavina, Davide Carvalho e Francisco Goiana da Silva
A jornalista da SIC Notícias, Rita Neves (no topo), moderou uma conversa que contou com (de cima para baixo no sentido dos ponteiros do relógio) Paula Martins de Jesus, João Filipe Raposo, Cristina Gavina, Davide Carvalho e Francisco Goiana da Silva

Projetos Expresso. Uma maior aposta na prevenção, assente no acompanhamento multidisciplinar dos pacientes e na taxação de alimentos ricos em sal e gorduras são algumas das medidas sugeridas pelos especialistas que marcaram o debate “Imunes: da alimentação ao colesterol e diabetes”, promovido pelo Expresso com o apoio da MSD

Francisco de Almeida Fernandes

A problemática da incidência da diabetes e dos elevados níveis de colesterol que marcam o exame à saúde dos portugueses é uma realidade “há décadas”, garante Cristina Gavina. A diretora da Academia Cardiovascular defende que é preciso investir mais na prevenção e dar corpo à discussão que se tem vindo a arrastar ao longo dos anos, através da implementação de medidas que permitam mudar comportamentos de risco e, com isso, diminuir a prevalência de doenças cardiovasculares associadas. Se os especialistas, como Davide Carvalho, não têm dúvidas de que “é possível prevenir a diabetes”, mostram-se igualmente convictos de que a resolução do problema passa pela mudança dos valores e da organização da sociedade.

A discussão do segundo debate do ciclo “Imunes”, promovido pelo Expresso em parceria com a MSD, centrou-se no tema da alimentação e da sua importância no controlo e prevenção de patologias como a diabetes e o colesterol. Nesta conversa, moderada pela jornalista da SIC Notícias Rita Neves, participaram Cristina Gavina, cardiologista no Hospital de Matosinhos e diretora da Academia Cardiovascular; Francisco Goiana da Silva, professor da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior e consultor da Organização Mundial de Saúde; João Filipe Raposo, diretor clínico da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal; e Davide Carvalho, presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia Diabetes e Metabolismo.

Conheça as principais conclusões do debate:

Diminuir os fatores de risco

  • É urgente destruir mitos associados ao colesterol e à diabetes, deixando claro que a “alimentação saudável não é apenas não comer fast food”, exemplifica João Filipe Raposo.
  • Aumentar o número de horas de exercício físico nas escolas é essencial para reduzir a taxa de obesidade infantil em Portugal, uma das mais elevadas da OCDE.
  • Mudar comportamentos, alerta Cristina Gavina, não depende apenas da comunicação pública sobre comportamentos de risco, é importante dar “incentivos” para que as pessoas façam melhores escolhas.
  • Através de políticas nacionais e locais contínuas, os especialistas defendem que será possível alterar o modelo de funcionamento da sociedade, nomeadamente no que diz respeito ao transporte e ao trabalho, que roubam tempo à prática de exercício físico e pioram a forma como a população se alimenta.

Profissionais de saúde mais rigorosos

  • Para Cristina Gavina, o ganho de uma aposta na interdisciplinaridade entre nutricionistas, psicólogos ou cardiologistas é evidente e é um modelo que deve ser adotado e potenciado.
  • Por outro lado, a tolerância dos profissionais de saúde para desvios nos valores relacionados com o colesterol ou os níveis de açúcar no sangue, por exemplo, deve ser cada vez menor para incentivar os pacientes a alterar o comportamento

Taxação mais eficaz

  • Ainda que seja apologista da política de taxação aos produtos alimentares menos saudáveis, Francisco Goiana da Silva alerta que a medida “não é uma bala de prata” e que é necessário canalizar as receitas obtidas para programas de prevenção e promoção da saúde.
  • A rotulagem nutricional simples e acessível é outra das medidas pedidas pelos especialistas, que acreditam não existir uma real liberdade de escolha no consumo de produtos saudáveis.
  • “A saúde é uma parte muito importante da economia”, sublinha Francisco Goiana da Silva.

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