Economia

Aumento de capital da EDP vai distribuir mais comissões do que a venda à China Three Gorges

Aumento de capital da EDP vai distribuir mais comissões do que a venda à China Three Gorges
Jose Manuel Ribeiro

Quando privatizou a EDP, em 2011, o Estado suportou comissões de pouco mais de 20 milhões de euros. Agora, para realizar um aumento de capital de 1.020 milhões, a elétrica prevê gastar 23 milhões em comissões, a maior parte a distribuir por seis bancos

Aumento de capital da EDP vai distribuir mais comissões do que a venda à China Three Gorges

Miguel Prado

Editor de Economia

O aumento de capital da EDP, no montante de 1.020 milhões de euros, vai pagar em comissões, sobretudo à banca mas também a vários consultores envolvidos na operação, um total de 23 milhões de euros, revela a elétrica no prospeto divulgado na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Esta soma supera inclusivamente o valor de encargos que o Estado português teve em 2011 com a privatização de 21,35% da EDP, vendendo essa fatia da empresa à China Three Gorges por 2,7 mil milhões de euros.

Nessa operação as comissões ascenderam a 20,2 milhões de euros, dos quais 319 mil euros em consultoria jurídica e 19,9 milhões em assessoria financeira.

Agora, no aumento de capital que servirá para co-financiar a compra da espanhola Viesgo, uma das maiores aquisições de sempre da EDP, a elétrica revela que os encargos da operação ascenderão a 23 milhões. A fatia de leão irá para os bancos, que não só vão organizar o aumento de capital como também se comprometem a adquirir as novas ações que eventualmente não tenham procura no mercado.

No prospeto enviado à CMVM, a EDP revela que acordou pagar aos bancos uma comissão garantida de 1,5% sobre o valor da operação (1020 milhões de euros), a que poderá acrescer uma comissão discricionária (apenas dependente da vontade da administração da EDP) de 0,5%.

Ou seja, um quarto das comissões dos bancos envolvidos no negócio dependerá da forma como correr a operação e fica sujeito à apreciação do cliente (a EDP).

Os bancos que irão organizar o aumento de capital são o BCP (que também é acionista da EDP), o JP Morgan e o Morgan Stanley, mas a operação também conta com a colaboração do BNP Paribas, Bank of America e Goldman Sachs.

A operação de aumento de capital conta com o apoio dos acionistas de referência da EDP, que acordaram, no Conselho Geral e de Supervisão da EDP, avançar com essa operação para viabilizar a compra da Viesgo. No entanto, é uma incógnita a adesão dos pequenos investidores a este aumento de capital. Caso essa adesão seja insuficiente para alcançar os 1.020 milhões de euros pretendidos, os bancos comprometem-se a adquirir as ações necessárias.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mprado@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate