Economia

Galp perde 60 milhões em negócios não autorizados com licenças de CO2

Galp perde 60 milhões em negócios não autorizados com licenças de CO2
Jose Carlos Carvalho

Petrolífera revela em comunicado à CMVM ter avançado com ações disciplinares e uma auditoria por causa de negócios com produtos financeiros associados a licenças de carbono

Galp perde 60 milhões em negócios não autorizados com licenças de CO2

Miguel Prado

Editor de Economia

A Galp Energia registou perdas de 60 milhões de euros num conjunto de transações não autorizadas dentro do grupo relacionadas com produtos financeiros associados a licenças de emissão de dióxido de carbono (CO2), informou a petrolífera em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

“Foram identificadas transações não autorizadas pela empresa de derivados sobre licenças de emissão de CO2 que resultaram numa perda de cerca de 60 milhões de euros”, informou a Galp, que nunca, desde que é cotada em bolsa, tinha reportado ao mercado uma situação do género.

“Esta situação encontra-se integralmente superada, tendo a empresa encerrado a totalidade das posições e tomado medidas adequadas no plano interno, incluindo ações disciplinares e de auditoria, e no domínio do reforço dos controlos operacionais, com vista a precaver a ocorrência de eventos idênticos no futuro”, acrescenta a Galp no seu comunicado à CMVM.

A empresa diz ainda que a situação detetada não prejudica a posição de caixa reportada na passada segunda-feira, relativa ao final de junho, não tendo impactos financeiros negativos adicionais que possam influenciar os números já avançados ao mercado.

Na segunda-feira a Galp havia revelado que detinha no final de junho disponibilidades de caixa de 1,7 mil milhões de euros, a que acrescem 1,3 mil milhões em linhas de crédito não usadas.

O grupo tem no "trading" uma das suas áreas de negócio mais sensíveis, uma vez que é aí que transaciona petróleo e gás natural, matérias-primas que não só produz como também adquire para comercialização ao cliente final.

Mas a área de "trading" transaciona também contratos de produtos como eletricidade (já que a Galp também comercializa energia elétrica) e derivados ligados a licenças de carbono, um dos custos da sua atividade petrolífera.

No final de 2019, segundo o relatório e contas anual, a Galp contabilizava ganhos potenciais de 81 milhões de euros em derivados sobre matérias-primas e operações de "trading", valor que resultava de uma posição negativa de 22 milhões de euros em swaps sobre "commodities", mais do que compensada com posições favoráveis de 50 milhões em futuros sobre "commodities", 19 milhões em opções e 34 milhões em outras operações de "trading".

As perdas agora registadas em operações não autorizadas excedem em muito o valor que a Galp habitualmente paga pelas suas emissões de CO2. Em 2019 a petrolífera reportou custos com emissões de CO2 de 29 milhões de euros, e em 2018 teve encargos, nesta rubrica, de 12 milhões de euros.

A empresa apresentará os resultados do primeiro semestre a 27 de julho.

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