Novo Banco perdeu quase 330 milhões de euros em venda de ativos imobiliários

Os indícios de conflito de interesse e de eventuais decisões ruinosas no Novo Banco deram origem a uma queixa reportada à ESMA, Autoridade Europeia de Mercados e Títulos
Os indícios de conflito de interesse e de eventuais decisões ruinosas no Novo Banco deram origem a uma queixa reportada à ESMA, Autoridade Europeia de Mercados e Títulos
Expresso
Em agosto do ano passado, o Novo Banco vendeu um lote de quase 200 imóveis com um desconto próximo de 70%, a entidades ligadas ao fundo norte-americano Cerberus, revela o “Público” esta quarta-feira. Com esta operação, a instituição liderada por António Ramalho terá sofrido perdas de 328,8 milhões de euros.
Entretanto, esta venda já foi sinalizada devido a outro problema: o fundo Cerberus é o principal acionista do banco austríaco BAGAW P.S.K. que foi gerido por Byron Haines até este assumir o cargo, em 2017, de chairman no Novo Banco.
De acordo com o jornal, os indícios de conflito de interesse e de eventuais decisões ruinosas no Novo Banco deram origem a uma queixa reportada à ESMA, Autoridade Europeia de Mercados e Títulos. A reclamação exige que se apure se “pessoas politicamente expostas” estiveram envolvidas na transação.
A 7 de agosto de 2019, o Novo Banco vendeu por 159 milhões de euros um lote de 195 propriedades agregadas a sociedades detidas indiretamente pelo fundo Cerberus. Ora, o valor bruto contabilístico da carteira de ativos imobiliários era de 487,8 milhões de euros e o conjunto incluía 1.228 unidades individuais, de diferentes usos.
O negócio implicou uma perda de 328,8 milhões de euros em relação ao valor dos ativos registados no banco. Recorde-se: esta operação ocorreu num contexto em que o mercado imobiliário em Portugal se valorizou 15,6% em cinco anos.
O fundo Cerberus é, desde 2006, o dono do banco austríaco BAGAW P.S.K., cujo CEO foi, até março de 2017, Byron Haynes. Trata-se do atual chairman do Novo Banco, em funções desde outubro de 2017.
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