Economia

OCDE. Portugal é o sexto país com mais trabalhadores abrangidos por apoios à retenção de emprego

Ángel Gurría, secretário-geral da OCDE
Ángel Gurría, secretário-geral da OCDE
Abdulhamid Hosbas / Anadolu Agency /Getty Images

Em maio, as candidaturas aprovadas das empresas para esquemas de apoio à retenção de emprego, como o lay-off simplificado, abrangiam 33% dos trabalhadores dependentes em Portugal, o sexto maior valor na OCDE, indica o Employment Outlook publicado esta terça-feira. Medida ajuda a explicar por que é que o desemprego não disparou

Os esquemas de apoio a retenção de emprego, como o lay-off simplificado, "estão a amortecer o impacto" da crise económica, na sequência da pandemia de Covid-19, em muitos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE).

Esta é uma das conclusões do Employment Outlook 2020, publicado esta terça-feira pela organização sedeada em Paris e dominado pelo tema do impacto da pandemia de Covid-19.

As empresas "fizeram uma utilização maciça de esquemas de retenção de emprego para receberem apoio público", aponta o documento. Em causa estão a redução de horas de trabalho dos seus trabalhadores ou lay-offs temporários. E Portugal é um dos países onde as empresas mais têm recorrido a esta ferramenta.

Em maio, as candidaturas aprovadas das empresas para esquemas de apoio à retenção de emprego, como o lay-off simplificado - medida a que a esmagadora maioria das empresas em Portugal deixam de poder recorrer no final de julho -, abrangiam 33% dos trabalhadores dependentes em Portugal, o sexto maior valor entre os países da OCDE, indica o relatório.

A lista é liderada pela Nova Zelândia, com 66,3%, seguindo-se a França, com 54,9%, a Suíça, com 45,4%, a Itália, com 45,2, e a Áustria, com 36,8%.

Estes esquemas, "permitem preservar empregos em empresas que enfrentam uma quebra temporária na atividade, ao mesmo tempo que garantem apoio ao rendimento dos trabalhadores que enfrentam redução de horário ou lay-off temporário", explica a OCDE.

Mais ainda, a organização destaca que "o uso destes instrumentos desempenha um papel principal para explicar porque é que a maioria dos países da OCDE não sentiram o aumento maciço do desemprego que foi registado no Canadá ou nos Estados Unidos".

Apesar deste tipo de medidas estar a conter a subida do desemprego, o seu aumento é dado como certo pela OCDE, que considera que "a pandemia mais grave em um século espoletou uma das piores crises económicas desde a Grande Depressão".

Constatando que os novos pedidos de subsídio de desemprego subiram em força em muitos paises da organização nos primeiros meses da crise, o documento aponta que "as projeções sugerem que no espaço da OCDE a taxa de desemprego será muito mais elevada do que no pico da crise financeira global", há pouco mais de uma década.

Para Portugal, as projeções da OCDE - que foram revistas em junho tornando-se mais negativas - apontam para uma contração da economia portuguesa de 9,4% este ano, com a taxa de desemprego a subir até aos 11,6%, o que compara com 6,5% em 2019.

A OCDE alerta ainda que os dados disponíveis sugerem que os grupos mais vulneráveis, como os trabalhadores com baixas qualificações, os jovens e os migrantes, bem como as mulheres, "estão a pagar o preço mais pesado da crise".

A OCDE constata que a resposta em termos de políticas sociais e do mercado de trabalho "tem sido sem precedentes", com os paises da OCDE a "darem passos maciços para melhorarem o acesso e a generosidade de baixas médicas e apoio ao rendimento dos que não têm trabalho, bem como esquemas de apoio à retenção de emprego".

Ao mesmo tempo, "muitos países também deram passos para facilitar uma transição maciça para o teletrabalho", nota o documento.

Mas, a OCDE alerta que "manter os trabalhadores em segurança a medida que a economia reabre e assegurar adequada proteção do rendimento e apoio ao emprego para uma crise que pode ainda não ter terminado tem de permanecer uma prioridade".

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