Economia

Governo nacionaliza posição de Isabel dos Santos na Efacec

Isabel dos Santos entrou na Efacec em 2015, apresentando-se como salvadora. Vai sair com a empresa debilitada
Isabel dos Santos entrou na Efacec em 2015, apresentando-se como salvadora. Vai sair com a empresa debilitada
RUI DUARTE SILVA

Ministro Pedro Siza Vieira anunciou a nacionalização da empresa industrial que tinha Isabel dos Santos como maior acionista. Estado fica temporariamente com 71,5%. Vai ser aberto de imediato um processo de reprivatização

Governo nacionaliza posição de Isabel dos Santos na Efacec

Miguel Prado

Editor de Economia

Governo nacionaliza posição de Isabel dos Santos na Efacec

Anabela Campos

Jornalista

Governo nacionaliza posição de Isabel dos Santos na Efacec

Isabel Vicente

Jornalista

O ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, anunciou esta quinta-feira a nacionalização da Efacec, após a reunião de Conselho de Ministros, lembrando tratar-se de "uma empresa centenária, com uma reputação de excelência na engenharia portuguesa".

O Estado fica temporariamente com 71,5% da empresa, a participação de Isabel dos Santos. E abrirá de imediato um processo de reprivatização, avançou o ministro. Já há uma lista de candidatos à compra da participação da investidora angolana, um processo que já está em curso há alguns meses

Os acionistas minoritários da Efacec já reagiram manifestando o apoio à intervenção do Executivo de António Costa, no sentido em que esta permitiu desbloquear a situação. “Na sequência da decisão do Governo de nacionalizar a participação da acionista maioritária da Efacec, o Grupo José de Mello e a Têxtil Manuel Gonçalves, na sua qualidade de acionistas minoritários, manifestam a sua satisfação por ter sido encontrada uma solução que permite desbloquear a situação de impasse em que a empresa se encontrava", dizem numa declaração ao Expresso.

"Face à importância e relevância da Efacec no panorama industrial em Portugal, face à elevada qualificação dos seus colaboradores e face à necessidade de proteger os interesses de clientes e fornecedores era urgente encontrar uma via para a empresa prosseguir a sua atividade e materializar o seu potencial de desenvolvimento", sublinham, em resposta escrita. "Como sempre sucedeu, o Grupo José de Mello e a Têxtil Manuel Gonçalves mantêm o seu compromisso de contribuir para um futuro sustentável da Efacec“, dizem ainda.

"É uma empresa que tem um volume de negócios significativo, que teve resultados positivos no ano passado. É uma empresa com viabilidade no mercado", salientou Siza Vieira na conferência de imprensa.

O governante salientou a "grande capacidade exportadora e participação em programas internacionais" da Efacec e garantiu que o decreto-lei da nacionalização da empresa já foi objeto de promulgação pelo Presidente da República.

O ministro anunciou também que o Governo está simultaneamente a trabalhar na reprivatização da Efacec, para lançar esse processo o mais brevemente possível.

Aliás decorre já um processo de venda da Efacec no qual um conjunto de investidores já manifestou interesse, como noticiou o Expresso em junho. O que segundo o ministro da Economia revela também "a viabilidade" que tem não só uma forte componente exportadora".

"O impasse acionista tornava-se impossível para que a Efacec pudesse retomar a sua atividade", referiu Siza Vieira acrescentando que nesse sentido foi "relativamente consensual" a decisão de nacionalizar a posição de cerca de 72% de Isabel dos Santos na empresa.

Segundo Siza Vieira, a nacionalização da Efacec foi feita em articulação com os bancos credores da empresa, a própria empresa e os demais acionistas minoritários, José de Mello e a Têxtil Manuel Gonçalves.

"A intervenção do Estado, decidida com a concordância dos restantes acionistas privados, procura viabilizar a continuidade da empresa, garantindo a estabilidade do seu valor financeiro e operacional, expressa num volume de negócios na ordem dos 400 milhões de euros, e permitindo a salvaguarda dos cerca de 2500 postos de trabalho que garante, da valia industrial, do conhecimento técnico e da excelência em áreas estratégicas", lê-se no comunicado do conselho de ministros.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mprado@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate