A pandemia trocou as voltas à estatística e retirou à taxa de desemprego a importância que os analistas lhe atribuiam enquanto indicador de vitalidade económica do país. Não porque ela tenham deixado de ser relevante, mas porque deixou de traduzir a real dimensão do desemprego nacional. Em Portugal, à semelhança de outras economias afetadas pela crise covid, a população empregada está a diminuir, mas o indicador do desemprego não só não aumenta, como até traça uma curva descendente. Nos indicadores divulgados esta quarta-feira, o Instituto Nacional de Estatística (INE) dá conta de uma redução da população empregada para os 4.646,6 indivíduos. Em apenas um mês o país perdeu 104,9 mil empregos. No mesmo período a taxa de desemprego caiu para os 5,5%, o que compara com a taxa de 6,3% registada em abril. É no grupo dos inativos que estão a ser enquadrados os milhares de desempregados que nos últimos meses têm sido empurrados para fora do mercado de trabalho. E é por isso que hoje a taxa de subutilização do trabalho, que já vai nos 14,2%, é um indicador mais próximo do desemprego “real” do que a própria taxa de desemprego.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: cmateus@expresso.impresa.pt