Economia

Presidente da associação do Montepio contesta desvalorização da PwC sobre valor do banco

Virgílio Lima, presidente da Associação do Montepio
Virgílio Lima, presidente da Associação do Montepio
NUNO FOX

Virgílio Lima, líder da associação do Montepio contesta publicamente as imparidades no valor de 377,5 milhões de euros que o auditor, a PwC, obrigou a associação a fazer

Presidente da associação do Montepio contesta desvalorização da PwC sobre valor do banco

Isabel Vicente

Jornalista

O presidente da associação do Montepio, Virgílio Lima - que assumiu o cargo depois de Tomás Correia ter desistido da liderança da associação, em 2019, para que o seu registo não fosse recusado pelo supervisor dos seguros - , considera que os prejuízos que a associação registou no mesmo ano, de quase 409 milhões de euros, foram determinados por efeitos não recorrentes, como a avaliação do banco, dos seguros e o entendimento relativo à contabilização de impostos diferidos que a auditora da associação os obrigou a fazer.

Virgílio Lima convocou uma reunião com jornalistas, na qual o Expresso não esteve presente. Na nota que a associação entretanto enviou, pode ler-se que o valor do Banco Montepio foi "a principal componente dos resultados negativos" e que, embora a associação discorde da avaliação feita pela PwC, o valor proposto "foi assumido por prudência pelo conselho de administração". A associação adverte que poderia ter "mantido o valor" que julga justo, mas os auditores fariam uma reserva na certificação legal de contas e "ficaria a dúvida" sobre o valor do Banco Montepio.

O auditor obrigou a associação a fazer uma imparidade de 377,5 milhões de euros no principal ativo da associação, o banco, que Virgílio Lima acusa de ser "excessiva" e de "não traduzir o valor real do banco", acrescentando que o "excesso de zelo pode conduzir a injustiças indesejáveis".

Para que não ficassem dúvidas no ar, a administração a que preside aceitou "assumir o valor de referência (do Banco Montepio) que os auditores defendem - 1500 milhões equivalentes ao valor dos capitais próprios". Para a associação o valor do banco "é definido entre o valor de mercado (ou justo valor) e o valor de uso, sendo aceite o maior dos dois".

É neste pressuposto que a mutualista considera que o valor do Banco Montepio "seria superior a 1.878 milhões de euros, que era o valor contabilístico". Fá-lo por considerar que o plano de negócios que a comissão executiva do banco traçou "é capaz de gerar resultados no futuro, o que lhe acrescenta valor", embora os auditores contestem o plano de negócios do banco.

Na nota que chegou ao Expresso, no âmbito do encontro com os jornalistas, a associação refere que "a PwC à medida que prosseguiu os seus trabalhos trabalhos de apreciação, aumentou a taxa de desconto" - de forma "inconsistente", com a descida das taxas de juro, o que "gerou o aumento das provisões matemáticas" - e o "valor do banco, que ficou igual ao valor da situação liquida".

Para os prejuízos de quase 409 milhões de euros que comparam com lucros de 1,6 milhões em 2018, pesou a desvalorização do Banco Montepio (377,5 milhões de euros) e a desvalorização da Montepio Seguros (14,8 milhões de euros), por parte do auditor. Mas também o reforço de provisões matemáticas das modalidades atuariais, no valor de 34,7 milhões de euros e o reforço de dotação para o Fundo de Pensões dos trabalhadores que vieram do banco para a associação, relativo a pressupostos atuariais entre 2017 e 2019, no montante de 4,5 milhões de euros. Itens que a associação considera não recorrentes.

É, neste enquadramento, que a associação diz que sem estes efeitos não recorrentes, os resultados de 2019 seriam "positivos em 13,5 milhões de euros". E fá-lo porque considera que estes impactos "podem ser revertidos nos próximos anos, à medida que o banco e a seguradora Lusitania (ramos reais) melhorarem o seu desempenho, gerando valor em linha com os objetivos". Até lá, contudo, a auditora PwC considera que estes efeitos mesmo que não recorrentes existem e devem ser refletidos no balanço da associação.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: IVicente@expresso.impresa.pt

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