Economia

Os professores não estão preparados para ensinar à distância

Marta Atalaya (SIC Notícias) moderou uma conversa que contou com David Justino, Teresa Calçada, Nuno Almeida, Alexandre Homem Cristo e Rita Coelho do Vale
Marta Atalaya (SIC Notícias) moderou uma conversa que contou com David Justino, Teresa Calçada, Nuno Almeida, Alexandre Homem Cristo e Rita Coelho do Vale

Projetos Expresso. Seja pela idade avançada, seja pela falta de preparação técnica, os professores não estão preparados para ensinar à distância. Esta é uma das conclusões de um estudo realizado pela Universidade Nova de Lisboa. O digital pode trazer muitas oportunidades ao ensino, mas apenas como complemento, e escolas precisam de preparação para que a igualdade entre alunos seja uma realidade. Conheça as outras conclusões de mais uma conferência do ciclo 'Parar Para Pensar', que une o Expresso à DECO Proteste, e que hoje debateu o tema da Educação

Fátima Ferrão

As escolas fechadas desde março, a adaptação de professores e de alunos a uma realidade desconhecida, e que apanhou o país e o mundo desprevenidos, obrigaram a uma mudança súbita nas rotinas e nos hábitos de ensino. Sem receitas e sem soluções, a comunidade escolar avançou para uma aventura sobre a qual ainda é cedo fazer um balanço, como acredita David Justino, professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa e ex-ministro da Educação: “Tivemos que caminhar tacteando, pelo que o risco de não correr bem é maior”, disse esta tarde durante a conferência 'Parar Para Pensar a Educação', a quarta de um ciclo de oito que decorrerão ao longo das próximas semanas.

O debate, organizado pelo Expresso em parceria com a DECO Proteste, reuniu um conjunto de especialistas no sector da educação, e contou ainda com a presença de Alexandre Homem Cristo, co-fundador e presidente da QIPP, organização sem fins lucrativos que atua na área da educação, Nuno Almeida, IM B2B manager da Samsung Ibéria, Rita Coelho do Vale, professora de marketing na Católica Lisbon, e Teresa Calçada, comissária do PNL 2027 (Plano Nacional de Leitura). A moderação ficou a cargo de Marta Atalaya, jornalista da SIC Notícias, que conduziu a conversa online, a partir da sede da Impresa.

Formar professores e preparar escolas é prioridade

O desafio das desigualdades

  • Desigualdades educativas, sociais e materiais agravaram-se com o ensino à distância. “Alguns alunos não tiveram qualquer contacto com as escolas, outros não conseguiram manter o ritmo de aprendizagem, e outros ainda não contaram com o apoio familiar essencial”, disse Alexandre Homem Cristo, para quem o grande desafio do próximo ano letivo será perceber a situação dos alunos e avaliar os danos. Rita Coelho do Vale reconhece as desigualdades mas destaca que estão menos visíveis no Ensino Superior, uma vez que os alunos estão mais preparados para lidar com a tecnologia do que, por exemplo, no 1.º Ciclo onde existem mais desafios que exigem maior capacidade de adaptação.

A caminho da educação digital

  • A tecnologia é uma parte integrante do ensino à distância mas deve ser usada apenas pontualmente e como complemento, acredita Nuno Almeida. Na sua opinião, ainda há muito a fazer para chegarmos a um modelo de educação digital, com projetos mais abrangentes e participados por alunos, professores, pais, Governo e sociedade. Para Rita Coelho do Vale há muitas oportunidades a explorar na tecnologia ao serviço do ensino e, acredita a professora, “a pandemia vai obrigar a repensar a educação”. Mas o ensino presencial será sempre o mais eficaz e não deverá ser totalmente substituído pelas plataformas de ensino à distância, pois “não substitui os professores nem o contacto social”, acrescenta Alexandre Homem Cristo.
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