“Tecnologia não é a solução mágica para os desafios do sistema educativo”
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Projetos Expresso. A pandemia veio agravar as desigualdades entre alunos em todos os níveis educativos. O modelo de emergência criado para dar resposta às necessidades de confinamento foi o possível, mas não o perfeito. Quais os desafios para o próximo ano letivo? Este será o ponto de partida para mais uma conferência do ciclo 'Parar Para Pensar', que une o Expresso à DECO Proteste. O debate será transmitido em direto na página de Facebook do Expresso, esta terça-feira, 30 de junho, a partir das 17 horas
Fátima Ferrão
A crise provocada pela pandemia de Covid-19 desocultou algumas insuficiências no sistema educativo, nomeadamente “pouco investimento na formação de professores para se adaptarem ao ensino à distância, incapacidade de responder às necessidades dos alunos e das famílias no acesso a recursos digitais, obsolescência das infraestruturas e equipamentos”, como refere ao Expresso David Justino, ex-Ministro da Educação. O professor catedrático na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa diz que “houve tempo e recursos para fazer melhor”.
Apesar de reconhecer as debilidades do sistema educativo, em especial num momento de crise e de emergência, Alexandre Homem Cristo, co-fundador e presidente da QIPP, organização sem fins lucrativos que atua na área da educação, destaca o mérito dos professores “que improvisaram e conseguiram neste contexto adverso manter os seus alunos ligados à escola”. Contudo, assume que muitas vezes não foi possível manter esta ligação, o que resultou num “inquestionável dano na aprendizagem — em todos os alunos mas, em particular, naqueles que já eram os mais frágeis”.
Já Nuno Almeida, IM B2B manager da Samsung Ibéria, acredita que a literacia digital de alunos e professores evoluiu mais nos últimos quatro meses, do que nos quatro anos anteriores à pandemia, sublinhando o esforço de adaptação e a capacidade de superação de todos.
Uma opinião partilhada por Rita Coelho do Vale, professora de marketing na Católica Lisbon: “Vamos enfrentar vários desafios no próximo ano letivo, mas também estamos muito melhor preparados para os enfrentar do que estávamos em março”. Para a professora, teria sido mais fácil baixar os braços, “mas todos arregaçámos as mangas e pusemo-nos a trabalhar no sentido de garantir que o sistema educativo não iria parar. E isto foi feito transversalmente ao longo de todos os ciclos de ensino”.
Tecnologia sim, mas não basta
Na perspetiva do responsável da Samsung, esta situação veio demonstrar que a digitalização é uma necessidade urgente, apesar da impreparação geral revelada para esta nova realidade. Mas Alexandre Homem Cristo alerta: “A tecnologia não é a solução mágica para os desafios do sistema educativo”. O presidente da QIPP recorda que a tecnologia acrescenta valor - se utilizada como um instrumento complementar ao ensino presencial, “com um inquestionável potencial” - ou, por exemplo, para um acompanhamento mais individualizado do progresso dos alunos. Mas relembra que antes de mais é preciso “assegurar condições de acesso a equipamentos funcionais e ligações à internet de qualidade nas escolas e, quando necessário, também aos alunos — o que, em certos casos, não sucedeu desde março”.
Para explorar um pouco melhor estas questões e desafios que agora se colocam ao sistema educativo, a professores e alunos, Marta Atalaya, jornalista da SIC Notícias, recebe na sala virtual do Expresso estes quatro especialistas no tema da Educação, a que se junta ainda Teresa Calçada, comissária do PNL 2027 (Plano Nacional de Leitura). Para assistir basta ligar-se ao Facebook do Expresso, a partir das 17 horas de amanhã, terça-feira, 30 de junho.
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