A TAP apresentou um resultado líquido negativo no primeiro trimestre de 2020 no montante de 395 milhões de euros, contra 106,6 milhões no período homólogo de 2019, revela a companhia em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
A empresa, à espera de um resgate de até 1,2 mil milhões de euros, salienta que os resultados foram "impactados por eventos relacionados com a pandemia Covid-19, nomeadamente pelo reconhecimento de overhedge (cobertura de risco) de jet fuel no montante de 150,3 milhões de euros (...) e por diferenças de câmbio líquidas negativas de 100,5 milhões de euros".
A companhia salienta que, "excluindo estes dois efeitos, o resultado líquido do primeiro trimestre de 2020 teria sido negativo em 169,9 milhões de euros", valor que compara com um prejuízo de 106,6 milhões no período homólogo.
"Quebra de atividade verificada em março de 2020 em resultado da pandemia Covid-19 impactou negativamente a performace da TAP no primeiro trimestre, compensando a boa performance observada nos primeiros 2 meses do ano. O mês de março foi já significativamente afetado pelas medidas de contenção adotadas pelas autoridades nacionais e internacionais que se refletiram numa acentuada quebra na procura e levaram a TAP a diminuir a sua capacidade operacional, traduzindo-se numa deterioração progressiva da atividade ao longo do mês", explica a empresa liderada por Antonoaldo Neves.
A TAP avisa que em resultado da reestruturação que decorre na sequência do plano de resgate, aprovado por Bruxelas, poderá vir a resultar numa redução da frota, que é atualmente de 105 aviões. Já está confirmada a saída de seis aviões, cujo contrato termina em 2020.
Devido à "Covid-19 na indústria em geral e na TAP, em particular, o Conselho de Administração iniciou um processo de análise da capacidade instalada, o qual poderá vir a resultar numa restruturação da frota. Prevê-se para o período remanescente de 2020 (após 31 de março) uma redução líquida da frota, incluindo a saída já confirmada de 6 aviões (1 A321, 1 A320, 3 A319 e 1 E190) que terminam contrato em 2020", lê-se no comunicado.
Outras saídas poderão ocorrer de seguida, diz a companhia. "Para além destas, estão a ser estudadas saídas adicionais de aeronaves por forma a alinhar com o plano de frota atualmente em revisão", acrescenta.
A TAP explica que apesar do impacto da Covid-19, que levou a que a companhia, ficasse com a quase totalidade da frota em terra, "registou fluxo de caixa operacional positivo no primeiro trimestre, com uma melhoria face ao período homólogo do ano anterior", sendo esta no montante de 280,4 milhões de euros.
"As medidas de proteção de caixa adotadas permitiram fechar o trimestre com uma posição de caixa e equivalentes de 280,4 milhões de euros, mesmo após a amortização de dívida acima referida", esclarece. E acrescenta: "adicionalmente, o montante disponível de recebíveis de cartões de crédito no Brasil ascendia a 70 milhões de euros.
A companhia já tem luz verde da Comissão Europeia para um empréstimo do Tesouro português que poderá chegar aos 1,2 mil milhões de euros. Uma injeção de capital que está ainda depende de um acordo entre os acionistas privados, David Neeleman e Humberto Pedrosa, e o Estado português. Os privados detém 45% do capital da TAP, e o Estado controla 50% do capital.
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