Com a pequena exceção de Paris e Lisboa, a TAP não tem estado a fazer voos ponto a ponto na Europa, o que fez com quem em alguns dias de junho, como aconteceu esta segunda-feira, a companhia portuguesa, que habitualmente ocupa metade do aeroporto Humberto Delgado, tenho levantado do chão menos vezes que a alemã Lufhansa, a Brussels Airlines,a Ryanair, ou a Transavia France.
Hoje voaram a partir de Lisboa 12 companhias, e algumas delas fizeram dois ou mais voos como é caso das já referidas Lufhansa, Brussels Airlines, Ryanair, Transavia France, mas também da KLM e da Air France. A companhia portuguesa fez apenas dois.
Mas nem todos os dias é assim. Vai variando. Por isso, ainda assim dados dos voos previstos para junho, mês que ainda não terminou, e a que o Expresso teve acesso, mostram que a TAP previa fazer a partir de Lisboa 155 voos este mês, mais do que 76 da Lufthansa, os 57 da Air France e os 46 da KLM. A TAP, ainda que a pequena distância, continuou em junho a ter a maior taxa de ocupação do aeroporto de Lisboa. Não obstante, os voos estimados pela TAP para este mês, num plano feito já após a pandemia, ficam muito aquém daqueles que se tinha previsto fazer para junho deste ano, e que eram 5501 voos. Números que mostram a paragem brusca da companhia.
O facto de a TAP ter como grandes mercados (e como factor de distinção), os EUA e o Brasil, cujos espaços aéreos têm estado vedados ou fortemente restringidos, é muito penalizador para a sua operação, já que a companhia não se afirma no mercado das viagens ponto a ponto, explorado pelas low cost.
A TAP tem como hub Lisboa, um hub que beneficia sobretudo da ligações aéreas ao mercado norte-americano e ao Brasil - o primeiro com o espaço aéreo completamente fechado, e o segundo aberto a cidadãos brasileiros e familiares diretos - mercados que só começam a abrir verdadeiramente em agosto, dando os primeiros passos em julho.
A contribuir para a paragem da TAP está também o mercado africano de língua portuguesa, nomeadamente Angola e Moçambique, países que têm imposto muitas limitações e obrigado quem chega, nomeadamente de Portugal, a fazer quarentena.
A esperança na TAP é que os mercados fora da Europa comecem a abrir em julho, e a companhia possa acelerar a operação nos próximos dois meses de verão, ainda assim a um ritmo muito lento. Em agosto, o grande mês do sector, a companhia espera ter apenas 25% da operação pré-Covid retomada. Tudo isto é, no entanto, muito imprevisível já que irá depender da forma como evoluir o combate ao vírus da Covid e da forma como os países abrirem ou fecharem as suas fronteiras.
Se tudo correr como o planeado, a TAP tem previstos 948 voos para o mês de julho, segundo um plano a que o Expresso teve acesso. A companhia vai passar a voar para quatro destinos no Brasil, junta a São Paulo e ao Rio de Janeiro, Recife e Fortaleza. Em agosto junta-lhe Belo Horizonte.
Já no mercado norte-americano, a TAP passará a ter três destinos em junho (Newark, Boston e Miami), subindo para quatro em agosto, com Washington. Os voos para Toronto vão começar em agosto.
Maputo e Luanda também deverão recomeçar com frequência semanal em junho. Assim como a Europa, onde em várias capitais a frequência passa das sete vezes por semana para 14 ou mais, como Zurique, onde subirá para 44 vezes.
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