Economia

Presidente da TAP espera uma Comissão Europeia "extremamente dura" e lamenta a opção pela reestruturação

Foto Ana Brígida
Foto Ana Brígida

A TAP não espera “nada menos do que uma Comissão Europeia extremamente dura” nas contrapartidas exigidas pelo auxílio que irá receber de até 1.200 milhões de euros, diz o presidente da TAP. Antonoaldo Neves sublinha que não entende porque é a TAP tem de pagar a dívida em seis meses quando as outras companhias o podem fazer em três a sete anos

O presidente da TAP, Antonoaldo Neves, diz que já está a começar a preparar o plano de reestruturação da companhia aérea portuguesa, porque sabe que vai ser impossível pagar o empréstimo autorizado pela Comissão Europeia em seis meses, e não quer lhe caia na cabeça uma bomba atómica. O gestor lamenta o caminho escolhido para o auxílio à TAP e afirma que não o entende.

“Não espero nada menos do que uma Comissão Europeia extremamente dura com a TAP”, admitiu Antonoaldo Neves esta terça-feira na comissão parlamentar de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, na Assembleia da República, em Lisboa. Antonoaldo Neves questionou o facto de o apoio dado à TAP ter sido feito fora do quadro temporário de auxílio por causa dos danos provocados pela Covid-19, permitido excecionalmente pela Comissão Europeia. O auxílio foi dado num enquadramento que obriga a TAP a pagar o empréstimo em seis meses, ou avançar com uma reestruturação.

"É óbvio que não temos condições para pagar a dívida em seis meses, quando outras companhias áreas vão poder pagar os seus empréstimos em três a sete anos", assegurou Antonoaldo Neves. O gestor lamentou não ter sido dado à TAP auxílio estatal em forma de garantias, para pagamento de empréstimos com os bancos privados, como aconteceu com companhias como a Air France ou a parcialmente com a Lufthansa.

Antonoaldo Neves considerou mesmo “injusta” a decisão da Comissão Europeia de não permitir que a TAP recorra ao mecanismo especial de apoio às companhias aéreas, no contexto da pandemia de covid-19, por considerar que a transportadora que lidera estava já com problemas antes do surto.

Gestor adiantou ainda que a intenção da gestão da TAP de apresentar o plano de reestruturação dentro de três meses. “O importante agora é não deixar os seis meses passarem para fazer esse plano. Não podemos ficar na situação de ter uma arma nuclear apontada à cabeça quando for para negociar com a Comissão Europeia”, acrescentou.

Apesar da dureza que a TAP tem pela frente, Antonoaldo Neves deixou uma mensagem de esperança aos deputados. "Vamos conseguir superar esta situação e conseguir contribuir para que a TAP volte a ficar como estava em 2019 quando era uma companhia que atraía muitos interessados".

Reembolsos pagos em dinheiro


Antonoaldo Neves assegurou que a companhia está a reembolsar os passageiros em dinheiro, sublinhando que cerca de 95% dos passageiros têm preferido os vouchers aos reembolsos. Quem pretender o dinheiro em vez de um voucher com 120% do valor da viagem pode fazê-lo, sublinhou.

O gestor respondia aos deputados que citavam uma carta em que a Antonoaldo Neves pedia ao governo que interviesse para que fosse possível reembolsar os passageiros que viram os voos cancelados por causa da pandemia com vouchers em vez de dinheiro.

Antonoaldo Neves disse também que a gestão não tem nenhuma intenção de transformar a TAP numa companhia low cost.

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