Banco Montepio elimina 10% dos balcões. Sindicato repudia reestruturação que soube pelos jornais

Transição digital leva ao fecho de 31 agências. Banco diz que objetivo é assegurar sustentabilidade da operação. Sindicato lamenta gestão
Transição digital leva ao fecho de 31 agências. Banco diz que objetivo é assegurar sustentabilidade da operação. Sindicato lamenta gestão
Jornalista
O Banco Montepio vai eliminar 10% dos seus balcões, num passo em que defende que está a dar mais força aos processos digitais e em que vai também mudar a forma de trabalhar – ainda que sem especificar. A instituição financeira, que tem Pedro Leitão como novo presidente executivo desde o início do ano, quer assegurar a “sustentabilidade” da sua operação.
Segundo um comunicado enviado às redações esta terça-feira, o Banco Montepio informou que vai “ajustar o modelo de distribuição e reorganização da rede comercial, com a fusão de 31 balcões redundantes devido à sua proximidade geográfica, mas garantindo que continua a prestar os serviços bancários de proximidade às populações e a entregar o mesmo nível de serviço aos seus clientes”.
O ajuste do banco, que tem na Associação Mutualista Montepio Geral o seu acionista esmagadoramente maioritário, vai levar à eliminação de 31 balcões, praticamente 10% da rede de 328 agências que tinha no final de março. O negócio de cada um deles será integrado nos restantes.
O banco defende que se trata de “acelerar a transição digital, rumo a um novo paradigma de relação, ao mesmo tempo que se ajusta aos desafios de um novo contexto, com os objetivos de acelerar a transição digital, ajustar o modelo de serviço e aumentar a eficiência”. Os processos internos também vão ser mais digitais.
Haverá implicações no trabalho, mas o banco liderado por Pedro Leitão – e em que Carlos Tavares é o presidente da administração – anuncia que vai “implementar novos conceitos e novas formas de trabalhar que valorizem a colaboração e a flexibilidade, promovendo um maior equilíbrio entre a vida pessoal e profissional”.
O Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB) já reagiu, lamentando ter conhecido a notícia pela comunicação social: "Facto e prática que, obviamente, não podemos deixar de repudiar", indica um comunicado publicado no site. "Como é sabido, eventuais processos de reestruturação e alteração de estruturas, entre outras práticas de reorganização interna das empresas, têm que ter o envolvimento e pronúncia das estruturas representativas dos trabalhadores", continua.
"Desenganem-se todos aqueles que pensam aproveitar a pandemia para, no recato dos seus gabinetes de administração, ignorarem ou menosprezarem os legítimos interesses dos trabalhadores, ou da sociedade onde se inserem, desenhando reestruturações que transferem de forma assimétrica os custos para os outros", aponta ainda a nota do sindicato dirigido por Paulo Marcos.
O Banco Montepio, que obteve lucros de 5,4 milhões de euros no primeiro trimestre, é o primeiro a anunciar o corte expressivo de balcões este ano, uma realidade que tem sido permanente na última década no sector financeiro. O banco diz que a decisão tem "em conta as novas exigências e expectativas dos clientes e no sentido do reforço da sustentabilidade da operação".
Citado no comunicado, Pedro Leitão lembra que a banca tem um desafio pela frente, com a dinâmica de taxas de juro e pela procura de clientes pelos serviços digitais: "É por estas razões e pelo atual contexto que o Banco Montepio está a acelerar a sua transição digital”.
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