Dois centros comerciais da região de Lisboa – onde continua a estar proibida a abertura de muitas lojas – tiveram ao final da tarde desta segunda-feira um movimento acima do normal, quando comparados com as últimas semanas de confinamento. As mensagens de incentivo ao regresso de clientes já são visíveis em muitos sítios, na expectativa de que a partir de sexta-feira possam abrir portas.
No Oeiras Parque e no Cascaishopping, que o Expresso visitou a meio e fim da tarde, o movimento era grande em torno do hipermercado Continente - presente nas duas superfícies comerciais. Mas também nas filas para as empresas de telecomunicações NOS, Meo e Vodafone. Outras lojas abertas eram as de ótica e de cadeias como a Worten ou a Fnac, assim como cafés ou de produtos alimentares, como o Celeiro, além de farmácias.
“Está muita gente. Isto até parece fim de semana”, desabafava uma funcionária. Porquê? Perguntamos-lhe. Será que as pessoas foram ao engano, pensando que as lojas já iam estar todas abertas, como no resto do país? “Provavelmente sim. Mas também é início do mês, se calhar também tem a ver com isso”.
A esmagadora maioria das lojas de roupa e calçado permanece fechada devido à decisão do governo de atrasar o desconfinamento na região de Lisboa por causa do grande aumento do número de infetados com a pandemia de Covid 19. Esta manhã foram divulgados os números da pandemia e dos 200 novos casos registados, 96% dizem respeito à região de Lisboa.
O governo pretende identificar as cadeias de transmissão de forma a controlar os focos de contágio promovendo os isolamentos que forem necessários. A expectativa é que na quinta-feira, dia em que está marcada a reavaliação da situação epidemiológica em Lisboa, seja decidido abrir todas as lojas a partir de sexta-feira.
No Cascaishopping a C&A anuncia que está aberta. A zona forte das lojas de roupas e sapatos está inacessível – um segurança impede deslocações nessa parte. Mas no Oeiras Parque circula-se à vontade perto desse tipo de lojas e são visíveis as preparações para a abertura que se espera para breve. Há movimento de funcionários em algumas delas, com a abertura de grandes caixotes de papelão de onde são tiradas as roupas. Muitas lojas têm indicações a celebrar a abertura: “Bem vindo de volta”, diz a Zara num grande cartaz. Mas há mais: “Estamos de volta”; “Estamos felizes de vê-lo novamente”; “Reinventamo-nos para ver-te de novo”; “É bom voltar a ver-te”; “Já tínhamos saudades”. Há também indicações em inglês: “Welcome back”, diz a Mango, com a indicação de “-30%” a apontar o que muitas lojas já estão a fazer: descontos para impulsionar as vendas. Também ainda há casos em que os cartazes expostos dizem respeito a promoções do dia do pai, que se celebrou a 19 de março.
Regras, muitas regras
Para quem procura cumprir todas as regras, a visita aos centros comerciais adaptados à pandemia pode tornar-se um grande stresse. Há sinais e alertas por todos os lados – “caminhe pela direita”, “respeite o distanciamento social” são os mais comuns; muitas setas; a necessidade de usar desinfetante à entrada da Fnac, por exemplo. Além, naturalmente, da inevitável utilização da máscara, que toda a gente respeita. Nas casas de banho há espaços interditos, niomeadamente nos lavatórios ou nos urinóis. Nos elevadores só é aconselhada a deslocação de uma pessoa ou família. Facto de que uma funcionária se queixava: “hoje demorei mais de 10 minutos até conseguir apanhar o elevador”.
No CascaiShopping o acesso à Sport Zone só é possível por elevador ou pelo estacionamento – porque as escadas rolantes estão interditadas. Apenas são permitidas 20 pessoas no interior. E a fila para lá entrar pode desencorajar qualquer um. A mesma loja encontra-se fechada no Oeiras Parque.
Facilmente se transgridem as regras por distração: eram mesmo muitas as pessoas que iam em “contramão”, ou seja, no sentido contrário ao que deveriam e sem respeitar a distância aconselhada.
“Damos as boas vindas ao respeito pelo outro”, pode ler-se junto a um elevador no CascaiShopping. “Respeite a lotação máxima - uma pessoa ou agregado familiar”.
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