Corria o ano de 2007 quando Mário Ferreira decidiu mergulhar a fundo nas areias do deserto e partir para “a fabulosa aventura” do maior rali do mundo, poucos meses antes de rebentar a crise financeira do subprime. Ao seu lado, num “modesto laranjinha” da Toyota, levava o empresário bracarense José Carlos Sousa. Foram apresentados por um amigo comum simplesmente por partilharem o mesmo sonho e definiram a estratégia logo ali, no primeiro almoço. Cada um entrou com 100 mil euros, mas no final, depois de vender o carro e somar todos os patrocínios, Mário Ferreira percebe que a prova fechou com lucro. Perdeu 10 quilos em 15 dias. Saiu coroado: a única equipa rookie a chegar ao fim do último Dakar em África conquistou o 9º lugar na grelha dos amadores. O segredo? “Ver a competição como uma empresa: ponderar todos os investimentos, avaliar cada situação, gerir ao minuto os poucos meios que temos”, conta.
Um amigo, uma aventura, uma estreia lucrativa, uma prova superada. Tudo isto num timing perfeito. Este é um guião que se repete ao longo da vida de um empreendedor que gosta do estilo prático americano, aprecia a eficiência alemã, admira a perspicácia mercantil turca. Às vezes há sobressaltos, mas quase sempre tudo acaba com um final feliz. É por isso que quem acredita no seu estilo ousado confia no mérito da aposta na Media Capital. “É o Mário, vai resultar”, vão repetindo um a um, mesmo os mais céticos, sobre as mais-valias dos media.
Mais uma vez, tudo começou meses antes de rebentar a crise pandémica da covid-19. Paulo Fernandes, da Cofina, convida Mário para alinhar na compra de 95% da Media Capital à Prisa e ficar com 15% da futura Cofina. Confortável com a almofada de 38 milhões de euros da venda do histórico Hotel Monumental, no coração do Porto, em 2018, a que somou a alienação de 40% da Mystic Invest Holding ao fundo norte-americano Certares por 250 milhões de euros, em maio de 2019, Mário Ferreira entusiasma-se com a ideia.
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