Economia

BCE admite quebra de 15% do PIB da zona euro entre abril e junho

BCE admite quebra de 15% do PIB da zona euro entre abril e junho
Ralph Orlowski/Getty Images

O colapso da economia da zona euro poderá chegar a 15% no segundo trimestre deste ano, segundo os cenários divulgados esta sexta-feira pelos economistas do Banco Central Europeu. O PIB caiu 3,3% entre janeiro e março

Christine Lagarde já havia antecipado na conferência de imprensa de quinta-feira que a economia da zona euro pode cair entre 5% a 12% em 2020, com um afundamento mais grave entre abril e junho. Deixou os "detalhes" para a cenarização feita pelos economistas Niccolò Battistini e Grigor Stoevsky, que foi publicada esta sexta-feira.

Os economistas do Banco Central Europeu(BCE) estudaram três cenários "ilustrativos" do impacto brutal que a pandemia da covid-19 poderá ter na zona euro este ano.

Os três cenários apontam para uma quebra moderada de 5% no cenário menos pessimista, de 8% na previsão intermédia, e de 12% no cenário "severo", mais pessimista. Os dois cenários mais pessimistas são piores do que a previsão de uma recessão de 7,5% apontada pelo Fundo Monetário Internacional no World Economic Outlook de abril.

Neste último caso, o colapso da economia pode chegar a 15% no segundo trimestre deste ano em relação aos três meses anteriores (variação em cadeia). O período mais crítico do impacto da pandemia concentrar-se-ia nos meses de maio a junho. No caso dos Estados Unidos, analistas de Wall Street, como Marc Chandler, admitem que o PIB possa cair entre 20% a 30% entre abril e junho.

Recorde-se que o Eurostat, o organismo de estatística da União Europeia, publicou na quinta-feira uma primeira estimativa da quebra em cadeia do PIB da zona euro na ordem de 3,8%.

No estudo dos economistas do BCE, os impactos mais severos iniciais da pandemia vão centrar-se no retalho, transportes, alimentação e hotelaria, na ordem de quebras de 60%, em virtude do confinamento. A construção e a indústria sofrem um recuo de 40%. Os menos fustigados, com uma redução de 10%, são a agricultura, tecnologias de informação e comunicação, serviços financeiros e administração pública.

Os três cenários são graduados em função do tempo de confinamento (até maio ou junho), do ritmo e amplidão de desconfinamento e do regresso gradual à normalidade, e da necessidade de novas medidas de confinamento e de um quadro em que uma vacina ou tratamento só se perspetiva para meados de 2021.

Os três cenários tomam em conta três previsões distintas para o comportamento da procura externa derivada do andamento do resto da economia mundial: 7% no recuo menos pessimista; 11% no intermédio; e 19% no mais pessimista.

Os economistas do BCE sublinham que o exercício é feito num quadro de enorme incerteza e que as previsões de crescimento e de inflação serão afinadas aquando da reunião do conselho do banco a 4 de junho.

O estudo avisa, ainda, que os pressupostos dos três cenários não entram em conta com "efeitos não-lineares" amplificadores do colapso, como quedas persistentes no rendimento das famílias, manutenção de altos níveis de desemprego e extensão elevada de falências na economia real.

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