Foi animada a troca de palavras entre o ministro das Infraestruturas e o deputado do CDS a propósito da TAP, esta quarta-feira no Parlamento, com Pedro Nuno Santos a dizer que o Governo "quer ser muito respeitador do dinheiro do povo português" em relação à solução que vier a tomada para a companhia aérea. Não podemos querer que o "Estado esteja a dar uma mãozinha a quem não está disponível para pôr um tostão na empresa", sinalizou.
"Acredita mais na boa gestão privada da TAP do que eu próprio. Eu tenho uma apreciação diferente. Não é por eu ser ministro que vou passar a dizer que a empresa é bem gerida. Faço uma apreciação negativa da gestão da TAP, como já fazia antes da Covid-19. Eu acho que a TAP antes da covid-19 já não estava bem", afirmou Pedro Nuno Santos, o ministro das Infraestruturas, em resposta ao deputado do CDS, João Gonçalves Pereira sobre a companhia aérea, durante a audição que está a decorrer na Assembleia da República.
O CDS defende que no apoio do Estado à TAP tem de estar excluída a nacionalização. João Gonçalves Pereira perguntou a Pedro Nuno Santos o que governo irá fazer em matéria de ajudas à companhia, nomeadamente qual a resposta ao pedido feito pela comissão executiva, liderada por Antonoaldo Neves, no sentido de o Estado garantir o empréstimo de 350 milhões de euros.
Pedro Nuno Santos esclareceu que as propostas estão a ser avaliadas. Mas não se ficou por aqui. "E se a empresa não pagar, o empréstimo é de quem? É do povo português. Deve o povo português pagar e o privado continuar a mandar?", perguntou ao CDS. "Vamos atravessar o povo português com um empréstimo de 350 milhões mais 850 milhões de dívida?", atirou ainda.
"É uma fezada acreditar que a companhia vai pagar os 350 milhões do empréstimo mais os 850 milhões de dívida", ironizou. E afirmou que o privado não explicou até quando dará para sobreviver os 350 milhões de euros.
Pedro Nuno Santos prosseguiu: "Eu cá não represento nenhum acionista privado. Eu defendo o povo português e o dinheiro do povo português, e as empresas do povo português". E defendeu: "O dinheiro do povo português implica que o Estado mande".
"A partir de agora a conversa com a comissão executiva da TAP tem de ser feita fora do acordo parassocial", avançou.
O governante sublinhou que por ser ministro não irá coibir-se de dizer o que pensa. "Não sou comentador, mas um ministro um pouco mais livre", disse Pedro Nuno Santos, bem disposto.
"Pelos vistos o CDS tem preconceitos com a participação do Estado", acrescentou o governante, sublinhando de novo que o Governo está a avaliar todas as opções de apoio, incluindo a nacionalização.
Se os privados querem ficar com a TAP têm de meter lá dinheiro
"O privado que diga quanto é que precisa até ao final do ano... A empresa precisa de centenas de milhões de euros. O privado está disponível para meter capital? Cá estaremos para, em conjunto, cada um meter a sua parte, e tudo ficará como está", admitiu Pedro Nuno Santos. E avisou: "Se o privado não meter nada, o Estado fica maioritário. Temos de defender a TAP e mais ninguém em particular".
"Com o PS no poder o Estado dá-se ao respeito. Nós vamos dar-nos ao respeito na relação com os privados na TAP, ai vamos, vamos…", avisou o ministro das Infraestruturas. "Se os privados querem ficar com a TAP têm um caminho é meter lá dinheiro".
Pedro Nuno Santos, em resposta provacativa ao deputado João Gonçalves Pereira, deixou ainda no ar a ideia de que o CDS "não percebe nada de empresas. Se fosse negociar com a TAP já chegava derrotado". E aconselhou: "Um Estado não deve excluir nada".
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