Antes do LuandaLeaks, EuroBic teve o melhor lucro de sempre

Melhoria de 49% dos lucros do EuroBic acontece em ano de descida do crédito malparado
Melhoria de 49% dos lucros do EuroBic acontece em ano de descida do crédito malparado
Jornalista
O EuroBic registou, no ano passado, o melhor ano de sempre no que diz respeito aos lucros obtidos pelo banco. Um comportamento que ocorreu antes da explosão do Luanda Leaks, cujas primeiras revelações tiveram lugar já em 2020.
“O resultado líquido em 2019 ascendeu a 61 milhões de euros, o melhor resultado obtido nos onze anos de atividade do banco”, indica o comunicado enviado às redações pelo banco liderado por Fernando Teixeira dos Santos. Em 2018, o EuroBic - marca comercial do BIC Português - tinha obtido um lucro de 42,4 milhões de euros, o que era, então, o maior em 10 anos de atividade. Agora, há um novo recorde.
Não disponibilizando o banco as demonstrações de resultados nem o relatório e contas, não é possível perceber o que motivou este resultado (se elementos recorrentes ou não recorrentes). A justificação oficial do banco é que “este desempenho foi sustentado pelo crescimento do volume de negócios na ordem dos 654 milhões de euros e dos níveis de fidelização dos clientes, que, conjuntamente, contribuíram para a consolidação da rentabilidade core, o que merece particular destaque num contexto adverso de taxas de juro negativas e de forte concorrência”.
Segundo os dados revelados, cerca de 6,6% da carteira de crédito do EuroBic encontra-se classificada como crédito malparado, face aos 7,2% de 2018, sendo que o banco diz que o rácio mais exigente de capital (CET1) foi de 13% - em dezembro de 2018, era de 13,1%.
Estes números estão inscritos no relatório e contas (ainda não divulgado publicamente), que foi aprovado na assembleia-geral de acionistas, que se realizou ontem, dia 27 (depois de um adiamento de um mês). Como noticiado pelo Expresso, não se deu a escolha da nova administração: “Relativamente à eleição dos órgãos sociais do banco para o novo quadriénio, entenderam os acionistas, dado estar uma operação de aquisição em curso, remeter a discussão deste ponto para uma futura assembleia geral, devendo a atual administração manter-se em funções”.
Neste momento, os acionistas do EuroBic são ainda Isabel dos Santos e Fernando Teles, entre outros investidores com posições mais residuais, e estão a vender essas suas participações ao espanhol Abanca. Até à sua concretização, a equipa executiva liderada por Fernando Teixeira dos Santos e os não executivos, com Diogo Barrote como presidente, continuam em funções. “Face ao desempenho positivo registado no último ano, o objetivo último do banco continuará a ser o de aumentar o seu negócio e a sua quota de mercado. Mas irá fazê-lo de forma eficiente e prudente. Importa crescer, dando passos seguros de forma a garantir a sustentabilidade e robustez do Banco bem como do seu modelo de negócio", dizem Teixeira dos Santos e Diogo Barrote, numa declaração conjunta citada no comunicado.
O EuroBic passou para o centro do furacão do Luanda Leaks porque as transferências polémicas protagonizadas pela Sonangol, aquando da presidência de Isabel dos Santos em 2017, foram realizadas no banco. Aliás, o Banco de Portugal está a analisar o que foi feito pela administração e se os procedimentos seguidos nessas operações bancárias foram os adequados.
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