Economia

“Não vemos os preços negativos do petróleo como um novo normal”, diz analista da Fidelity

“Não vemos os preços negativos do petróleo como um novo normal”, diz analista da Fidelity
David McNew/Getty Images

Para James Trafford, gestor de carteiras de investimento da Fidelity International, o colapso do petróleo WTI revela uma pressão de curto prazo, mas não o real valor da matéria-prima

“Não vemos os preços negativos do petróleo como um novo normal”, diz analista da Fidelity

Miguel Prado

Editor de Economia

O petróleo WTI - West Texas Intermediate atingiu esta segunda-feira pela primeira vez preços negativos. Mas James Trafford, analista e gestor de carteiras de investimento da Fidelity International, não vê que seja um cataclismo.

"O movimento do preço confirma que a procura de curto prazo é muito reduzida. Mas não é um cataclismo. Não vvemos os preços negativos do petróleo como um novo normal daqui em diante. O preço "spot" do WTI está mais espelhado nos contratos de junho (a cerca de 21 dólares)", escreve o gestor numa nota de análise divulgada esta terça-feira pela Fidelity

"A título de comparação, o crude "brent", referência internacional menos dependente do consumo nos Estados Unidos, não observou o mesmo comportamento de preço (e o contrato para o mês seguinte ainda está em torno de 25 dólares). Os futuros de crude do Dubai, que são uma referência mais para produtos asiáticos, estão a 21 dólares", refere James Trafford.

O mesmo analista contextualiza que o colapso de preço desta segunda-feira evidenciou que "não havia compradores para a entrega física do WTI em maio porque existe uma procura fraca, a refinação está a cair e a armazenagem em Cushing (nos Estados Unidos) já ultrapassou os 15 milhões de barris no mês passado - e espera-se que em breve atinja o limite da capacidade pela primeira vez".

O preço do WTI chegou na última noite a estar positivo durante seis horas. Seguiu-se cerca de uma hora novamente com preços negativos, que chegaram a -4,72 dólares por barril. Pouco depois das 9h (hora portuguesa) o WTI chegou a sair do vermelho (valendo um cêntimo de dólar por barril), mas regressou logo a terreno negativo, negociando agora a -1,9 dólares.

Esta terça-feira é o último dia que os investidores têm para transacionar os futuros de maio do WTI. Caso não os vendam terão de liquidar esses contratos mediante a aquisição de volumes físicos de petróleo correspondentes aos contratos em carteira.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mprado@expresso.impresa.pt

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