O petróleo WTI - West Texas Intermediate atingiu esta segunda-feira pela primeira vez preços negativos. Mas James Trafford, analista e gestor de carteiras de investimento da Fidelity International, não vê que seja um cataclismo.
"O movimento do preço confirma que a procura de curto prazo é muito reduzida. Mas não é um cataclismo. Não vvemos os preços negativos do petróleo como um novo normal daqui em diante. O preço "spot" do WTI está mais espelhado nos contratos de junho (a cerca de 21 dólares)", escreve o gestor numa nota de análise divulgada esta terça-feira pela Fidelity
"A título de comparação, o crude "brent", referência internacional menos dependente do consumo nos Estados Unidos, não observou o mesmo comportamento de preço (e o contrato para o mês seguinte ainda está em torno de 25 dólares). Os futuros de crude do Dubai, que são uma referência mais para produtos asiáticos, estão a 21 dólares", refere James Trafford.
O mesmo analista contextualiza que o colapso de preço desta segunda-feira evidenciou que "não havia compradores para a entrega física do WTI em maio porque existe uma procura fraca, a refinação está a cair e a armazenagem em Cushing (nos Estados Unidos) já ultrapassou os 15 milhões de barris no mês passado - e espera-se que em breve atinja o limite da capacidade pela primeira vez".
O preço do WTI chegou na última noite a estar positivo durante seis horas. Seguiu-se cerca de uma hora novamente com preços negativos, que chegaram a -4,72 dólares por barril. Pouco depois das 9h (hora portuguesa) o WTI chegou a sair do vermelho (valendo um cêntimo de dólar por barril), mas regressou logo a terreno negativo, negociando agora a -1,9 dólares.
Esta terça-feira é o último dia que os investidores têm para transacionar os futuros de maio do WTI. Caso não os vendam terão de liquidar esses contratos mediante a aquisição de volumes físicos de petróleo correspondentes aos contratos em carteira.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mprado@expresso.impresa.pt