
Chegou a Portugal em setembro de 1348. Não há ainda uma avaliação da recessão que provocou à mistura com a fome, a carestia de vida e as guerras
Chegou a Portugal em setembro de 1348. Não há ainda uma avaliação da recessão que provocou à mistura com a fome, a carestia de vida e as guerras
Jornalista
A conta dos mortos continua, ainda hoje, em aberto. “Na Europa e no Mediterrâneo, a taxa de mortalidade deve ter andado entre 30% e 60% da população. Devem ter falecido 50 a 100 milhões. Para o resto do mundo não há sequer estimativas”, diz-nos Guido Alfani, professor de História Económica na Universidade Bocconi, em Milão. Para Portugal pode aplicar-se o mesmo intervalo das taxas de mortalidade, refere o especialista italiano em pandemias da era pré-industrial. Numa população de 1 milhão e duzentos mil à época, segundo a estimativa de António Castro Henriques, professor de Economia na Universidade do Porto, a mortandade pode ter chegado a mais de 700 mil portugueses. Algumas estimativas apontando para uma razia de 9/10 da população de então, como as do médico Silva Correia, publicadas, em 1938, numa obra de referência, “Portugal Sanitário”, são consideradas exageradas.
Também a avaliação do impacto económico é uma missão quase impossível. A base de dados criada por Angus Maddison na Universidade de Groningen perdurou depois do falecimento deste economista e regista algumas estimativas sobre a evolução do PIB per capita no período da peste num número muito reduzido de países europeus, revelando, por exemplo, que o rendimento estagnou em França, caiu ligeiramente em Portugal e no Reino Unido, mas até subiu na Suécia. Castro Henriques admite “que face à contração demográfica, o PIB em Portugal pode ter caído 30% no cenário mais negativo”, mas como o capital e a terra permanecem, a queda do PIB per capita não é proporcional à mortandade. Aquele académico com Nuno Palma e Jaime Reis trabalham atualmente numa série para o PIB per capita naquele período medieval completando o trabalho publicado no ano passado com dados a partir de 1500.
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