O Banco de Portugal avança dois cenários para a evolução da economia portuguesa este ano uma vez que "as perspetivas para a economia portuguesa deterioraram-se abrupta e significativamente em resultado do impacto da pandemia Covid-19". No Boletim Económico publicado esta quinta-feira, o banco central apresenta um cenário base em que o PIB cai 3,7% e o desemprego dispara para 10,1% este ano e um cenário adverso onde a recessão chega a 5,7% e a taxa de desemprego atinge 11,7%.
No caso menos pessimista, que o BdP considera o cenário base “assume-se que o impacto económico da pandemia é relativamente limitado, o que decorre, em parte, da hipótese de que as medidas adotadas pelas autoridades económicas são bem-sucedidas na contenção dos danos sobre a economia”. Neste caso, depois de uma quebra de 3,7% este ano, o PIB volta a crescer em 2021 (0,7%) e acelera em 2022 para 3,1%.Já o desemprego ultrapassar 10% este ano, baixando para 9,5% no próximo e para 8% em 2022.
No cenário pessimista, o BdP assume que “o impacto económico da pandemia é mais significativo devido à paralisação mais prolongada da atividade económica em vários países, conduzindo a maior destruição de capital e perda de emprego” e que há “maior incerteza e níveis de turbulência mais significativos nos mercados financeiros”. Nesse caso, a queda do PIB este ano é superior (5,7%) e a recuperação também mais rápida embora partindo de um ponto mais baixo: 1,4% em 2021 e de 3,4% em 2022. E o desemprego só baixa dos dois dígitos em 2022 (8,3%) depois de 11,7% e 10,7% em 2020 e 2021.
O Banco de Portugal avisa que “a economia portuguesa apresenta vulnerabilidades específicas face a um choque desta natureza”, como a elevada importância do turismo, o facto de o tecido empresarial ser “dominado por empresas de pequena dimensão e com situação financeira relativamente frágil” e com “a elevada percentagem de famílias perto ou abaixo do limiar de pobreza em Portugal implica uma reduzida margem de absorção do choque perspetivado sobre o rendimento.
E sublinha a necessidade “do reforço da liderança, coordenação e cooperação internacional em vários domínios”, assumindo com particular “importância o aprofundamento da União Monetária, com a implementação e reforço dos mecanismos orçamentais europeus para a estabilização económica e para a promoção da convergência”. Pede igualmente “solidariedade”, “políticas partilhadas a nível europeu” e que se evite “a acumulação de desequilíbrios macroeconómicos” e “políticas protecionistas”.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: JSilvestre@expresso.impresa.pt