Economia

Prisa não quer deixar dúvidas: foi a Cofina que não quis a TVI

Prisa não quer deixar dúvidas: foi a Cofina que não quis a TVI
FOTO TIAGO MIRANDA

A Cofina falhou, "voluntariamente", as suas obrigações contratuais, acusa o grupo Prisa em relação à compra e venda da Media Capital. É a resposta espanhola depois de a Cofina ter acusado a Prisa de "violações contratuais graves"

Prisa não quer deixar dúvidas: foi a Cofina que não quis a TVI

Diogo Cavaleiro

Jornalista

A troca de comunicados entre a Prisa e a Cofina continua, mas o grupo espanhol não quer deixar dúvidas de que o falhanço da compra e venda da Media Capital, a detentora da TVI, se deveu única e exclusivamente à empresa portuguesa.

“A Prisa atuou sempre de boa fé ao longo do processo e nega as afirmações da Cofina em relação a alegados incumprimentos da Prisa. A Cofina nunca a notificou de qualquer falha no âmbito do acordo de compra e venda”, assegura o grupo que controla 95% da Media Capital, em comunicado emitido esta sexta-feira, 20 de março.

A nota da Prisa foi enviada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários pela Media Capital depois de a dona do Correio da Manhã ter informado o mercado de que a operação foi mesmo cancelada e de ter atribuído as responsabilidades à situação financeira da detentora da TVI, aos efeitos da Covid-19 e ainda a alegados incumprimentos contratuais dos espanhóis. A Prisa, disse a Cofina, “incorreu em violações contratuais graves e, por último, manifestou expressamente a intenção de não cumprir o contrato, o que afetou irremediavelmente a relação de confiança entre as partes”.

“O acordo de compra e venda foi encerrado, tendo a Cofina voluntariamente falhado as obrigações contratuais”, contrapõe a Prisa no comunicado, que frisa que a empresa portuguesa tinha dito, em vários documentos, que tinha os compromissos necessários para financiar a compra da Media Capital, “tanto de instituições de crédito [Santander e Société Générale] como dos acionistas relevantes”.

A Prisa defende mesmo que não recebeu nenhuma comunicação formal da Cofina a indicar a incapacidade para completar o aumento de capital de 85 milhões de euros (dos quais ficou por preencher 3 milhões) nem “a sua vontade em desistir da sua execução”.

Além disso, e apesar de a Cofina ter dado sete dias à Prisa para fazer alterações ao contrato de compra e venda, não chegou a Espanha “nenhuma proposta” para modificá-lo.

Os espanhóis, que também são donos do El País e do jornal económico Cinco Días, já assumiram anteriormente que estão a “levar a cabo todas as medidas e ações contra a Cofina em defesa dos seus interesses, dos acionistas e dos demais afetados pela situação criada pela Cofina”.

A troca de argumentos entre as duas empresas ocorre quando é claro que haverá um litígio entre as duas partes por conta do contrato – a Cofina iria pagar 123 milhões de euros (um valor já revisto em baixa em 50 milhões face ao primeiro preço) por 95% da Media Capital, sendo que os restantes 5% seriam obtidos através de uma oferta pública de aquisição aos restantes acionistas minoritários.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt

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