As praças europeias estão a reagir bem esta quinta-feira ao pacote de €750 mil milhões de compra de ativos anunciado pelo Banco Central Europeu (BCE) na noite do dia anterior.
O pacote extraordinário do BCE com um volume de compras massivo pretende responder ao impacto da pandemia do coronavírus na economia e nos mercados financeiros do euro.No seu nome de batismo leva o apelido de pandémico e passa a ser conhecido pelo acrónimo PEPP (do inglês Pandemic Emergency Purchase Programme).
Entretanto, a presidente do BCE, Christine Lagarde, reforçou num tweet que "não há limites para o nosso compromisso com o euro".
O montante envolvido até final do ano é superior à reativação do programa de compra de ativos pela Reserva Federal norte-americana anunciado no domingo num total de 700 mil milhões de dólares (€642 mil milhões).
Na quarta-feira, as bolsas da zona euro fecharam com uma derrocada de 6,5%, a terceira maior neste mês negro de março.
Contrariando a derrocada anterior, abriram esta quinta-feira no verde, com subidas superiores a 2% nas principais praças, e o mercado da dívida pública regista descida nos juros após o disparo dos últimos dias, sobretudo depois da gaffe de Christine Lagarde, a presidente do BCE, na semana passada dando a entender que deixava Itália à sua sorte.
Na bolsa de Milão, o índice MIB abriu esta quinta-feira a subir mais de 4%. Lisboa segue a tendência europeia com o índice PSI 20 a avançar 0,5%.
Na sessão asiática, as bolsas não se entusiasmaram com o pacote de emergência de Lagarde. Fecharam no vermelho, continuando a trajetória negativa da sessão anterior. As maiores quedas registaram-se esta quinta-feira em Seul, com o índice Kospi a derriocar mais de 8%, e em Taipé, com o índice a perder 5,8%. Em Tóquio, a principal bolsa da região, o índice Nikkei 225 recuou 1% e em Xangai, a segunda maior bolsa asiática, o índice perdeu quase 1%.
No mercado petrolífero, o preço do barril de Brent abriu a sessão europeia em alta. O preço subiu para mais de 26 dólares, depois de ter descido para um mínimo de 24,5 dólares na quarta-feira, a cotação mais baixa desde há 17 anos.
Juros a descer depois de decisão de emergência do BCE
No mercado secundário da dívida pública, os juros (yields) das Obrigações do Tesouro português a 10 anos desceram já 40 pontos-base desde o fecho de quarta-feira, estando, agora, abaixo de 1%. Na sessão de quarta-feira dispararam para 1,6%, um nível que já não se registava desde fevereiro do ano passado.
Recorde-se que, desde a gaffe de Lagarde, os juros da dívida a 10 anos quase quintuplicaram, subindo de um patamar de 0,3% para 1,6%. No último leilão deste prazo organizado pelo Tesouro, precisamente um dia antes da reunião do BCE e da gaffe de Lagarde, o Estado pagou 0,426% na colocação de 500 milhões de euros.
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