Economia

Bolsas europeias fecham com ganhos animadas pelos biliões de ataque à crise

As principais praças europeias registaram ganhos esta terça-feira e Wall Street está em alta. Centeno pelo Eurogrupo falou em 10% do PIB da União para garantir liquidez e em Washington Democratas e Trump esgrimem pacotes de 750 a 850 mil milhões de dólares

Com alguns biliões a serem prometidos esta semana para uma resposta à crise do coronavírus, as bolsas europeias e em Nova Iorque animaram-se esta terça-feira depois da hecatombe do dia anterior. Mas os analistas advertem para as guinadas erráticas das bolsas nestes períodos de alta volatilidade.

As principais bolsas europeias fecharam esta terça-feira no verde, com destaque para Madrid que registou uma subida de 6,5% do índice Ibex 35 animado pela promessa do governo em animar um pacote público e privado de 20% do PIB para responder à crise em Espanha. Pedro Sánchez falou em 217 mil milhões de euros (quase o PIB português), com o Estado a avançar com 117 mil milhões (incluindo uma linha de avales e garantias de 100 mil milhões).

Na segunda-feira o presidente do Eurogrupo avançou que o pacote europeu pode implicar uma garantia de liquidez até 10% do PIB da União Europeia, um montante de 1,4 biliões de euros.

Pelas contas do Expresso, estímulos orçamentais e garantias avançadas na União Europeia (nomeadamente zona euro e Suécia) já somam mais de 370 mil milhões de euros. Linhas de crédito anunciadas só na Alemanha, França e Suécia chegam a mais de 900 mil milhões. Na política monetária, o Banco Central Europeu reforçou em 50% o programa de compra de ativos (mais €120 mil milhões) e o Riksbank, o banco central sueco, colocou em marcha um programa de compra equivalente a 27 mil milhões de euros.

Em Lisboa, o índice PSI 20 fechou a ganhar 4,5%. O índice de referência Eurostoxx 50 (das cinquenta principais cotadas da zona euro) subiu 3,96%.

Com diversos meios a sugerir um fecho das bolsas - como aconteceu, por exemplo, em novembro de 2011 face ao ataque terrorista e em outubro de 2012 face ao furacão Sandy em Nova Iorque - a Federação Europeia das Bolsas (FESE, no acrónimo em inglês) veio categoricamente rejeitar a ideia. "Fechar não muda a razão da volatilidade do mercado e retiraria transparência ao sentimento dos investidores e reduziria o seu acesso ao seu dinheiro", diz a Federação em comunicado.

A possibilidade de fecho dos bancos por um período de tempo - como em 1933 - também tem sido aventada.

Competição pelo maior pacote pode chegar ao cheque direto na conta

Do outro lado do Atlântico, depois de uma segunda-feira a fazer lembrar as derrocadas de outubro de 1929, os índices estão esta terça-feira em alta. Os investidores registam os múltiplos pacotes anti-crise que surgem da Câmara de Representantes (animada pela maioria dos Democratas) e da Administração Trump.

Os Democratas conseguiram passar para o Senado um pacote de 750 mil milhões de dólares (€680 mil milhões) e a Administração avançou com um outro de 850 mil milhões (€770 mil milhões).

O secretário do Tesouro norte-americano adiantou inclusive que uma parcela desse pacote poderá concretizar-se através de cheques diretos aos norte-americanos (entre 500 a 750 dólares), no bolso "em duas semanas".

Recorde-se que, entretanto, o banco central, a Reserva Federal, no âmbito da política monetária, reanimou o programa de compra de ativos até um montante de 700 mil milhões de dólares (€640 mil milhões) até final do ano.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate