Economia

Bolsas. Derrocada de segunda-feira "derrete" €5 biliões

Bolsas. Derrocada de segunda-feira "derrete" €5 biliões
JOHANNES EISELE/Getty Images

O crash desta segunda-feira negra provocou um rombo na capitalização bolsista à escala mundial equivalente a 5,3 biliões de euros, com o índice MSCI global a perder 7% numa só sessão

Depois de ganhos de 0,4% durante a primeira semana de março, o índice mundial MSCI afundou-se 7% na sessão desta segunda-feira negra devido a um novo surto de pânico financeiro nos mercados.

O pânico é agora motivado pela conjugação de dois 'cisnes negros', a epidemia global do coronavírus chinês e o rompimento da aliança entre o cartel da OPEP e a Rússia que desencadeou no fim de semana uma guerra de preços no barril de ouro negro entre Riade e Mosvoco.

A queda do índice global esta segunda-feira acarretou um rombo de 5,3 biliões de euros (6,05 biliões de dólares) na capitalização bolsista mundial em uma só sessão, com base em cálculos do Expresso. Um 'rombo' num só dia que equivale a mais de 75% das perdas bolsistas de 7 biliões de euros registadas em todo o mês de fevereiro.

Ao contrário do crash bolsista de 2008, esta crise financeira "foi originada na economia real que está a infectar o sistema financeiro", refere ao Expresso o economista britânico Philippe Legrain, ex-assessor da presidência da Comissão Europeia no mandato de Durão Barroso e investigador no Instituto Europeu da Londo School of Economics.

A 'região' mais afetada esta segunda-feira nos mercados de ações foi a América Latina com uma derrocada de 13% do índice MSCI respetivo. Segue-se Nova Iorque com uma perda de 7,7% no índice MSCI respetivo e a zona euro com um recuo de 7,4% do índice MSCI para a área da moeda única.

Apesar de ter sido o epicentro da epidemia do coronavírus de Wuhan, o índice MSCI para a Ásia Pacífico perdeu muito menos esta segunda-feira, apenas 4,4%.

Mercados à espera de resposta coordenada

A expetativa de uma resposta mais firme por parte dos bancos centrais e dos governos das principais economias do mundo nos próximos dias, depois do anúncio de uma conferência de imprensa esta terça-feira do presidente Donald Trump, anima o mercado de futuros e as praças asiáticas que estão a negociar em terreno positivo.

Trump quer um "grande número" num pacote orçamental para quebrar o sentimento negativo dos investidores norte-americanos e a atenção vira-se agora para a reunião do Banco Central Europeu na quinta-feira e para uma eventual nova intervenção de emergência da Reserva Federal norte-americana (Fed) mesmo antes da reunião agendada para 18 de março.

Recorde-se que a Fed foi um dos 12 bancos centrais que já cortaram as taxas diretoras em março. O banco central dirigido por Jerome Powell procedeu a uma redução de 50 pontos-base decidida numa reunião de emergência na semana passada.

Entretanto, o presidente do Conselho Europeu, o belga Charles Michel, convocou para esta terça-feira uma reunião por vídeoconferência dos líderes da União Europeia. O presidente Emmanuel Macron e o seu ministro das Finanças Bruno Le Maire defendem um pacote de estímulos europeu.

No entanto, a expetativa otimista em relação a uma ação coordenada global de política orçamental e monetária pode ser anulada por duas percepções negativas. A primeira deriva da possibilidade da epidemia se transformar numa pandemia e durar até junho, segundo as previsões do especialista chinês Zhong Nanshan. A segunda pode ser alimentada por ações de resposta desproporcionadas por parte dos governos que provoquem ainda mais pânico entre as populações e maior retração dos agentes económicos, como admitem os analistas da consultora Oxford Economics.

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