Covid-19 puxa pela indústria têxtil mexicana. Em Portugal, sector está céptico sobre um "contágio positivo"
"Trabalhamos num segmento diferente do chinês", diz César Araújo, presidente da ANIVEC
"Trabalhamos num segmento diferente do chinês", diz César Araújo, presidente da ANIVEC
Jornalista
A atividade industrial dos fabricantes mexicanos do setor têxtil e da moda está a recuperar, nomeadamente através das encomendas de empresas norte-americanas que estão a transferir os pedidos que até agora eram endereçados para as fábricas na China – afetadas pela epidemia do Covid-19.
Os comerciantes norte-americanos procuram stocks rápidos que sirvam de resposta às ameaçadas campanhas de primavera-verão e de outono-inverno, a maior do ano. O México, o principal centro industrial nas proximidades dos Estados Unidos, começa assim a ganhar posições no mapa de compras da moda internacional, explica o jornal T.
A China exporta 157,8 mil milhões de dólares por ano em roupa para os Estados Unidos, seguida do Canadá, com o México a assumir a terceira posição como fornecedor daquele mercado e as empresas do país estão a reportar às associações setoriais um aumentodas encomendas provenientes de clientes norte-americanos geral devido à paragem de produção na China.
Em Portugal, que tem nos EUA o seu quinto mercado no sector têxtil, com uma quota de 6%, também há quem acredite que pode haver uma espécie de "contágio positivo" do coronavírus por força de desvio de encomendas da China para o país, mas César Araújo, presidente da ANIVEC - Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confeção acredita que a haver algum efeito deste género, deverá ser diluído, uma vez que Portugal e a China trabalham em segmentos diferentes no mundo dos têxteis.
O empresário considera, aliás, que as encomendas que deveriam chegar a Portugal para reposições da coleção primavera- verão vão sofrer diretamente o impacto negativo do vírus, da quebra de consumo e de possíveis quebras de stocks de componentes e matérias-primas.
No sector do calçado, também há a convicção de que um eventual desvio de encomendas das marcas europeias a trabalhar na China "deverá voltar-se mais para outros países asiáticos do que para Portugal", comentou ao Expresso Paulo Gonçalves, diretor de comunicação da associação sectorial APICCAPS.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mmcardoso@expresso.impresa.pt