O Conselho Internacional de Estivadores (IDC), que representa o sector da estiva a nível internacional, exige ao Governo português uma atuação "imediata para repor a legalidade dos acordos em vigor" e garantir que "os patrões portuários" paguem os salários em atraso aos estivadores de Lisboa, em greve. Se nada for feito, diz o IDC,os estivadores de centenas de portos de todo o mundo poderão vir a desenvolver ações de solidariedade.
A mensagem do IDC, divulgada numa "carta de apoio", surge na sequência do pedido de insolvência da A-ETPL Associação - Empresa de Trabalho Portuário de Lisboa, em cima de uma greve dos estivadores do Porto de Lisboa convocada pelo Seal e já prolongada numa primeira reação à notícia sobre a falência da empresa de trabalho portuário, como o Expresso noticiou.
“O IDC não vai tolerar que esta situação se prolongue e apela a todos os estivadores espalhados pelo mundo para que comecem desde já a planear acções de solidariedade para com os nossos companheiros de Lisboa”, refere a organização mundial de estivadores numa carta divulgada para garantir que os colegas de Lisboa "não vão caminhar sós" , até porque "uma agressão a um é uma agressão a todos".
“Deixamos claro que estamos dispostos a tomar medidas, nas centenas de portos onde estamos presentes, para bloquear a acção danosa das empresas, nomeadamente do Grupo Yilport e da sua reconhecida postura anti-sindical", acrescenta o documento publicado na página oficial do IDC, que representa 140 mil estivadores de todo o mundo.
Em Lisboa como em Oslo
“(...) Hoje os estivadores de Lisboa estão a ser alvo de um ataque sem precedentes", diz o IDC identificando como alvo principal das suas críticas os turcos da Ylport", sem esquecer uma nota sobre “o despedimento colectivo de estivadores promovido pela Yilport, quando lhe foi concessionado o terminal de contentores de Oslo (Noruega)”.
Outra referência feita ao passado recorda que os estivadores de Lisboa "estiveram desde a primeira hora na construção do IDC, na linha da frente da solidariedade que deram aos 500 estivadores de Liverpool em luta, a qual esteve na origem desta organização mundial".
"O IDC, na pessoa do seu anterior Coordenador Mundial, Jordi Miguens, sempre acompanhou de perto a situação dos portos portugueses – que o capital escolheu para serem a cobaia de um modelo de trabalho desregulado a ser exportado para a Europa e para o Mundo – e foi participante e testemunha dos últimos processos de negociação de conflitos, tal como aconteceu no último acordo que selou a paz no porto de Lisboa", refere também o IDC.
"Desde esse momento, e ao contrário do que afirma a Yilport, o porto de Lisboa foi aquele que mais cresceu em termos absolutos, em Portugal, conforme a imprensa do sector anunciou no passado dia 21 de Fevereiro: “Lisboa foi o porto que mais cresceu em termos absolutos, tendo atingido os 458,7 mil TEU (mais 7,1% face a 2018).", afirma,
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