Depois de duas sessões de derrocada na Europa e nos EUA com quebras de 5,8% e 6,3% respetivamente, as perdas reduziram-se esta quarta-feira.
O afundamento do mercado de ações não foi travado esta quarta-feira nos dois continentes, como se chegou a antever, depois de uma inversão na trajetória de várias bolsas europeias e de uma abertura em alta em Nova Iorque (com os índices a subir mais de 1%).
Mas as perdas foram reduzidas significativamente esta quarta-feira.
Na Europa, as bolsas de Milão e Madrid fecharam com ganhos acima de 0,6% e as de Paris e Bruxelas encerraram ligeiramente acima da linha de água. Em Londres, o FTSE 100 avançou 0,35%. Em Lisboa, o PSI 20 registou ganhos de 0,63%.
Zona Euro fecha com pequeno ganho
Na abertura desta quarta-feira, a maioria das bolsas europeias esteve a cair mais de 2%, uma tendência que depois foi estancada, permitindo ao índice MSCI para o conjunto da zona euro fechar em terreno positivo com um ganho de 0,18%, interrompendo uma trajetória de quatro sessões no vermelho.
No entanto, as importantes praças de Frankfurt e de Amesterdão fecharam no vermelho, ainda que com perdas inferiores a 0,2%.
Em Nova Iorque, depois de uma abertura em alta, os dois principais índices bolsistas de Wall Street, o Dow Jones 30 e o S&P 500, encerraram a sessão com recuos de 0,46% e 0,38% respetivamente.
Wall Street já caiu mais com o coronavírus do que com o Brexit
A viragem para o vermelho ocorreu depois de se ter espalhado o temor que uma expansão do coronavírus poderá registar-se nos Estados Unidos e nomeadamente em áreas metropolitanas como a de Nova Iorque (onde esta quarta-feira as autoridades referiram 83 casos sob observação suspeitas de estarem infectadas com o Covid-19). O Nasdaq (bolsa das tecnológicas) conseguiu, contudo, manter-se em terreno positivo, registando uma subida de 1,7% e o índice FAANG Plus, das 10 estrelas tecnológicas mundiais (oito norte-americanas e duas.chinesas) cotadas em Nova Iorque ganhou 0,46%.
Entretanto, Donald Trump tuitou esta quarta-feira a partir da Índia que alguns canais de televisão norte-americanos estão a exagerar o risco e a induzir pânico nos mercados financeiros. O seu radialista preferido, Rush Limbaugh, condecorado pelo presidente no início de fevereiro, disse esta quarta-feira que o coronavírus é "um rumor" vindo da China comunista na "tentativa de deitar abaixo Trump" e "destruir, como que por magia, a economia antes de novembro [das eleições presidenciais]".
Com a queda desta quarta-feira, as duas bolsas dos EUA já perderam mais com o choque do coronavírus nestas últimas cinco sessões do que com o impacto negativo, a 24 e 27 de junho de 2016, do referendo que deu a vitória ao Brexit no Reino Unido. O índice MSCI para os EUA já caiu, desde quinta-feira da semana passada, 8,2% face a uma quebra de 5,5% nas duas sessões de junho de 2016
As bolsas mais penalizadas esta quarta-feira foram as asiáticas e as latino-americanas.
Na Ásia, a maior queda registou-se na bolsa tailandesa com o índice SET a recuar 4,9%. Na América do Sul, a derrocada bateu às portas das bolsas de São Paulo (onde o índice iBovespa se afundou 6,8%, a maior quebra diária desde maio de 2017) e de Buenos Aires (onde o índice Merval recuou 5,7%). O índice MSCI para o conjunto das praças latino-americanas caiu 4,7% e acumula uma derrocada nas últimas cinco sessões de 9%.