Economia

Boeing encontra detritos nos depósitos de combustível de aviões 737 MAX por entregar

Boeing encontra detritos nos depósitos de combustível de aviões 737 MAX por entregar
Joe Raedle/Getty Images

Modelo está proibido de voar em todo o mundo desde março de 2019, após dois acidentes em menos de cinco meses. Empresa norte-americana garante que está a investigar o assunto e que vai analisar todos os aparelhos atualmente parados

Boeing encontra detritos nos depósitos de combustível de aviões 737 MAX por entregar

João Pedro Barros

Editor Online

A Boeing descobriu detritos nos depósitos de combustível de alguns dos aviões 737 MAX que tem estacionados e preparados para entrega, noticiou esta terça-feira o blogue de aviação Leeham News. O incidente não está relacionado com os problemas que originaram a queda de dois aparelhos e consequente proibição de voo do modelo.

Em declarações citadas pelo “The Guardian”, a empresa já confirmou a presença dos chamados FOD ou foreign object debris (detritos ou partículas estranhas, em tradução livre) e garante que está a investigar o assunto e a analisar todos os aparelhos. Em aviação, os chamados FOD são frequentemente ferramentas ou pedaços de tecido.

“No decorrer de operações de manutenção, descobrimos FOD em aviões 737 Max ainda não entregues e neste momento estacionados. Esse facto originou uma investigação interna robusta e medidas de correção imediatas no nosso sistema de produção. Também estamos a inspecionar todos os 737 Max da Boeing parados para assegurar que não há FOD”, afirmou um porta-voz da empresa norte-americana.

Esta é mais uma notícia que prejudica a frágil reputação da Boeing, altamente prejudicada desde os dois acidentes com dois aparelhos deste modelo, em outubro de 2018 e março de 2019, provocando 346 mortos. A empresa já admitiu que uma falha de software (do MCAS, sistema de aumento das características de manobrabilidade, em tradução livre) teve um papel nos dois acidentes, tendo a investigação oficial já concluído que, no primeiro caso, foi mesmo a causa principal.

Para além disso, vieram a público centenas de mensagens internas entre funcionários, desvalorizando as regras de segurança e considerando que o avião tinha sido “desenhado por palhaços”.

O 737 Max está proibido de voar em todo o mundo desde março de 2019, o que está a castigar economicamente a empresa e centenas de fornecedores e obriga a que mais de 400 unidades estejam estacionadas nos EUA, nomeadamente no estado de Washington, no noroeste dos EUA, e no Texas, no sul.

Foi precisamente em algum ou vários destes locais que os objetos estranhos apareceram nos depósitos dos aviões. O responsável pela comunicação da Boeing salientou que recomendam às companhias que têm aviões parados há mais de um ano que inspecionem os tanques de combustível.

A Boeing garante ainda que repor o 737 Max em serviço é a sua “prioridade absoluta”. No entanto, a agência Reuters noticiou na semana passada que os voos para nova certificação do modelo só devem ser feitos, na melhor das hipóteses, a partir de maio.

A proibição de voo aproxima-se do período de um ano e já é a maior de sempre de um avião norte-americano. O 737 Max era o modelo mais popular da Boeing, que em 2019, pela primeira vez em oito anos, foi ultrapassada pela Airbus como o maior fabricante mundial de aviões. Em 2019 produziu 380 unidades, face a 863 da rival europeia.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: jpbarros@expresso.impresa.pt

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