O banco espanhol Bankinter tem vindo a melhorar os resultados em Portugal, onde está desde que comprou a unidade do Barclays em 2016. Tem feito aquisições fora de Portugal e, por cá, o crescimento tem sido sustentado pelo aumento do negócio e da carteira de crédito. Mas o responsável do Bankinter português não fecha a porta a oportunidades de aquisições de outros bancos. Inclusive do Novo Banco.
"É natural que o Novo Banco venha a estar no mercado. Estaremos atentos a essa oportunidade", respondeu o responsável da sucursal do espanhol Bankinter em Portugal, Alberto Ramos, em conferência de imprensa, em Lisboa, esta terça-feira, 11 de fevereiro.
O Novo Banco é detido em 75% pela gestora de fundos americana Lone Star e em 25% pelo Fundo de Resolução: ambos têm um perfil vendedor e o responsável do Bankinter admite que é provável que o banco seja colocado à venda em 2021. A aposta no negócio de empresas é algo complementar entre os dois bancos, assumiu Alberto Ramos, que trabalhou no antecessor do Novo Banco, o BES.
O gestor defendeu, aos jornalistas, que olhar para o Novo Banco é algo natural e que essa tem sido a postura do Bankinter. "Olhámos para várias coisas nos últimos tempos", disse, quando questionado também sobre se olhou para o EuroBic. Não quis confirmar.
Em relação ao acordo de venda do EuroBic ao também espanhol Abanca, o líder da sucursal do Bankinter desdramatizou o ganho de força do concorrente, elogiando até a maior estabilidade que essa operação traz. "O nosso caminho é de diferenciação", declarou.
Mas a aposta do Bankinter é no crescimento orgânico, sem compras. "O que viram hoje é o resultado de crescimento orgânico. Não quer dizer que não tenhamos olhado para oportunidades inorgânico", frisou Alberto Ramos, referindo o avanço dos resultados nos últimos anos. "Se vão existir [oportunidades], na altura será analisado".
O Bankinter tem sede em Espanha, entrou em Portugal em 2016 e fez duas aquisições no ano passado: o Evo Banco e a irlandesa Avantcard.
Bankinter não divulga lucros, mas resultados têm crescido
Desde 2016, quando entrou no mercado português, a sucursal do Bankinter tem visto as contas melhorarem. O banco obteve em Portugal um resultado antes do pagamento de impostos de 65,6 milhões de euros em 2019, o que representa um avanço de 9% em relação a 2018. O banco não divulga resultados líquidos, apenas as contas antes do impacto fiscal.
O grupo Bankinter, que engloba as unidades na Irlanda e Luxemburgo, registou um crescimento de 5% dos lucros em 2019, registando os 551 milhões de euros. É o sétimo ano consecutivo em que os lucros estão em crescendo.
Para o número 1 da sucursal portuguesa, que emprega 761 trabalhadores e conta com 98 unidades (entre agências e centros de empresas), contribuiu o crescimento de 22% da margem financeira (diferença entre juros nos créditos e juros nos depósitos) e de 10% das comissões. Também a libertação de provisões constituídas anteriormente para precaver perdas, nomeadamente ainda herdadas do Barclays, ajudou às contas do Bankinter.
O banco - em Espanha liderado por María Dolores Dancausa - alcançou uma subida de 12% do volume de negócios (conjunto de crédito e recursos), totalizando 14,7 milhões. O crédito total ascende a 6,5 milhões. Já os recursos somam 8,2 milhões (sobretudo fora de balanço).
Pela frente há ainda a melhorar o rácio de eficiência, que compara os proveitos com os custos. Ficou ainda nos 73% em 2019. "Não é satisfatório, temos ainda um longo caminho a percorrer", assumiu Alberto Ramos.
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