Economia

Caixa regista lucros de 776 milhões de euros em 2019, os melhores desde 2007

Caixa regista lucros de 776 milhões de euros em 2019, os melhores desde 2007
RODRIGO ANTUNES/Lusa

Vendas de imóveis e de operações em Espanha e África do Sul beneficiam resultados do banco. Fundo de pensões deu contributo negativo de 300 milhões

Caixa regista lucros de 776 milhões de euros em 2019, os melhores desde 2007

Diogo Cavaleiro

Jornalista

Caixa regista lucros de 776 milhões de euros em 2019, os melhores desde 2007

Isabel Vicente

Jornalista

A Caixa Geral de Depósitos fechou 2019 com um lucro de 776 milhões de euros. O resultado líquido obtido pela instituição financeira representa uma melhoria de 57% face aos 496 milhões alcançados em 2018.

Este é o terceiro ano consecutivo que o banco público fecha com lucros. É, aliás, o seu melhor resultado desde 2007, antes da crise financeira.

O Expresso noticiou que a administração estava a trabalhar com a indicação de que haveria lucros de 800 milhões no ano passado. O número ficou ligeiramente aquém do que era antecipado.

Em 2019, a Caixa sentiu um impacto negativo de 301 milhões de euros por conta do fundo de pensões. Houve atualização das taxas de mortalidade que são tidas em conta nos seus cálculos e, da mesma forma, também as baixas taxas de juro pesaram nesta rúbrica. "É um facto não recorrente e que não estava previsto no plano estratégico", disse Paulo Macedo, presidente executivo do banco.

O presente ano - 2020 - é o último do plano estratégico que foi negociado entre o Estado português e a Comissão Europeia e que está a ser implementado pela equipa de Paulo Macedo.

Com o resultado de 2019, o rácio de capital CET1 da Caixa, que mede o peso dos melhores fundos próprios, atingiu os 16,8%.

Vendas no estrangeiro ajudam

Apesar do lucro de 776 milhões, o administrador financeiro da Caixa, José Brito, considera que o resultado corrente é de 632 milhões de euros, expurgando os ganhos obtidos com as vendas de operações no estrangeiro (Espanha e África do Sul). No próximo ano, já não haverá vendas tão expressivas como estas - as alienações em curso são as unidades no Brasil e Cabo Verde.

O impacto positivo verificou-se na rubrica de provisões, já que houve libertação de dinheiro que tinha sido posto de lado para estas operações. Houve também reversão de imparidades constituídas para crédito, que geraram um impacto positivo de 48 milhões.

Olhando para a demonstração de resultados, o produto bancário subiu 7,2% para 1,9 mil milhões de euros, mas não foi graças ao negócio "core" da banca, já que a margem financeira (diferença entre juros de crédito e juros de depósitos) deslizou 3%.

Para o produto bancário, contaram as comissões, que avançaram 4,5%, e as operações financeiras, que mais do que duplicaram face a 2018.

Os custos também contribuíram positivamente para os resultados, caindo 1,9% para 965 milhões, sobretudo com recuo nos gastos gerais e nos custos com pessoal.

BNU Macau continua a ser melhor

Os contributos das operações internacionais para o resultado líquido da Caixa em 2019 ascenderam a 183,5 milhões de euros, o que corresponde a um crescimento de 18,6% face ao ano anterior. As maiores ajudas para os lucros do banco público foram o BNU Macau, que registou um lucro de 68,7 milhões de euros, assim como a operação em Moçambique, o BCI, que contribuiu com 34,8 milhões de euros. A sucursal de Franca registou ganhos de 20,4 milhões de euros.

"As operações internacionais têm tido performances diferentes com problemas", sublinha Paulo Macedo. O produto do negócio internacional cresceu 5,1% em 2019, destacando para este resultado o crescimento da margem financeira em 2% assim como os resultados em operações financeiras que subiram quase 40%.

Créditos caem, depósitos sobem

O crédito concedido caiu 6,2% e a captação de recursos cresceu 4,9%, em termos consolidados.

Em Portugal, o crédito a clientes caiu 8,4% em todas as frentes. O financiamento às empresas desceu 2,1%, mas o maior decréscimo verificou -se na concessão de crédito ao setor público administrativo.

Já no que toca ao crédito a particulares, o decréscimo foi de 3,6%, com o financiamento para compra de habitação a cair 3,6%. Também o crédito concedido para outras finalidades (consumo) caiu 9,5%.

O racio de crédito não produtivo (NPL) registou uma melhoria ao atingir 4,7%, face aos 8,7% do período homólogo. A cobertura por imparidades está nos 77%, o que segundo o CFO do banco é um dos melhores rácios da União Europeia.

No que diz respeito a captação dos recursos de clientes em Portugal, a CGD obteve em 2019 um crescimento de 2,2%, com os depósitos a avançarem 4,9%.

[Atualizada pela última vez às 18.21]

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