Economia

Coronavírus volta a abalar bolsas e agita mercado da dívida

A possibilidade da Organização Mundial de Saúde decretar esta quinta-feira um alerta global sobre o vírus de Wuhan provocou fortes quebras na Ásia e empurrou bolsas europeias para o vermelho depois de duas sessões de recuperação. Curva invertida nos juros da dívida está à beira de regressar

Depois de dois dias de recuperação, as bolsas voltaram esta quinta-feira ao vermelho na Ásia e na Europa.

A possibilidade da Organização Mundial de Saúde decretar esta quinta-feira um alerta geral sobre o coronavírus de Wuhan fez regressar o pânico aos mercados financeiros.

Além das bolsas, o mercado da dívida pública está agitado com a curva de taxas nos Estados Unidos a regressar à proximidade de uma situação anómala de inversão, e as taxas na zona euro a recuar para mínimos desde novembro do ano passado.

No prazo a 10 anos, a taxa (yield) para as Obrigações do Tesouro português (que vencem em 2029) caiu para 0,248%, um mínimo desde novembro passado e abaixo do mínimo histórico de 0,264% pago pelo Tesouro em setembro passado num leilão daquela linha.

A nova linha obrigacionista a 10 anos (a vencer em 2030) lançada numa operação sindicada no início de janeiro ainda não foi a leilão, o que poderá ocorrer a 12 de fevereiro. Na sindicação, o Estado pagou 0,499%.

Bolsa de Taiwan afundou-se

As bolsas asiáticas registaram esta quinta-feira fortes quedas, com a bolsa de Taiwan a afundar-se esta quinta-feira 5,8%, depois de ter reaberto dos feriados do Ano Novo chinês.

Hong Kong já acumula perdas de mais de 5% em duas sessões seguidas depois de ter reaberto dos feriados. Tóquio, a mais importante praça da Ásia e terceira mundial,já perdeu 3,6% esta semana.

As duas bolsas chinesas de Xangai e Shenhzen permanecem encerradas em virtude do Ano Novo.

As bolsas europeias estão no vermelho. O índice CAC 40 da Bolsa de Paris abriu a sessão desta quinta-feira a cair mais de 1% liderando as quedas na abertura. O PSI 20 abriu a perder 0,3%.

À beira da inversão da curva de juros nos EUA

As taxas das obrigações do Tesouro norte-americano já vinham a cair para mínimos desde outubro, mas na quarta-feira deram um sinal preocupante com taxas de curto prazo até 12 meses acima das registadas a 2 e 5 anos.

A declaração na quarta-feira por parte de Jerome Powell de que a Reserva Federal norte-americana está a monitorizar de perto a evolução do coronavírus, ainda que o presidente do banco central dos EUA se tenha recusado a "especular" sobre os seus impactos económicos, alertou ainda mais os investidores.

A anomalia acentuou-se esta quinta-feira. A taxa a 10 anos, em 1,565%, está abaixo da taxa a 6 meses. E as taxas a 2, 3 e 5 anos situam-se abaixo da taxa a 12 meses.

A curva começa a dar sinais de poder voltar a inverter-se totalmente com a taxa a 10 anos abaixo das registadas a médio e curto prazo.

No ano passado, a curva começou por inverter-se em março, pela primeira vez desde 2007, e a anomalia acentuou-se durante o verão passado.

A curva invertida é considerada um indicador antecipado de uma recessão futura que, de acordo com o registo histórico, surgiu, em média, um ano depois, no caso dos EUA. Da última vez, a curva invertida iniciou-se em agosto de 2016 e a recessão bateu à porta em dezembro do ano seguinte, 16 meses depois.

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