Economia

Construir comboios em Portugal? Costa: “É difícil, mas se não fosse para que é que estávamos aqui?”

Construir comboios em Portugal? Costa: “É difícil, mas se não fosse para que é que estávamos aqui?”
Luis Barra

Primeiro-ministro defendeu a ambição de produzir de raiz um comboio em Portugal, durante a cerimónia de reabertura da oficina da CP de Guifões, esta quarta-feira, que vai recuperar material circulante que estava parado em vários pontos do país

Construir comboios em Portugal? Costa: “É difícil, mas se não fosse para que é que estávamos aqui?”

Pedro Lima

Editor-adjunto de Economia

O Governo está apostado em desenvolver o mais depressa possível o projeto de construir um comboio em Portugal. A garantia foi dada esta quarta-feira pelo primeiro-ministro, António Costa, e pelo ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, durante a cerimónia de reabertura da oficina da CP de Guifões, em Matosinhos.

Falando em “ambição”, António Costa reiterou o objetivo de tornar Portugal num construtor ferroviário, tal como já é um construtor automóvel. “Se nas próximas décadas vamos ter de adquirir muitos comboios, porque é que não devemos ter a ambição de os construir em Portugal?”, questionou. Para depois dizer que “é difícil, mas se não fosse para quê é que estávamos aqui?". Seria uma forma de trocar importações por produção no próprio país, explicou.

O primeiro-ministro justificou a importância da reabertura da oficina de Guifões dizendo que “seria imperdoável investir milhões de euros para comprar material novo sem recuperar o que já havia”.

Já o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, classificou a reabertura da oficina como uma nova fase e “um primeiro passo” para a ferrovia em Portugal. Considerando que o país não se podia “dar ao luxo de ter material circulante encostado por todo o lado”, defendeu que a CP volte a ser “uma das grandes empresas do país”. Isso justifica a recente fusão entre a CP e a Emef que resolve os problemas de articulação entre essas empresas.

A oficina já recuperou duas carruagens e tem uma série de projetos de renovação e modernização previstos para os próximos meses. Isto, conjugado com o concurso para a compra de 22 comboios – entretanto impugnado por um dos concorrentes – vai começar a resolver as graves carências de material circulante que o país tem estado a sentir.

Já o presidente do Conselho de Administração da CP, Nuno Freitas, louvou o esforço dos trabalhadores que num tempo recorde conseguiram realizar a obra. E destacou o centro de competências que está previsto para Guifões – e que está na base do projeto de produção do comboio nacional. Além do centro tecnológico, referiu ainda a criação de um centro de formação profissional e uma incubadora de empresas ferroviárias.

Nuno Freitas anunciou também que serão criados 140 postos de trabalho até final de 2021, dos quais 90 especializados. E deixou elogios ao ministro, dizendo que Pedro Nuno Santos se transformou num “verdadeiro ferroviário”.

Presente também na cerimónia, a presidente da Câmara de Matosinhos, Luísa Salgueiro, classificou a reabertura da oficina de Guifões como um momento de “inversão na estratégia nacional de transportes”. A autarca disse que o encerramento da oficina foi um exemplo do desinvestimento na ferrovia e a sua reabertura “é a prova de que Portugal volta a colocar o comboio no centro das suas opções”.

E disse ter sido “com emoção” que verificou como em pouco tempo foi possível recuperar aquele espaço menos de seis meses depois de ter sido anunciada a decisão de o reativar.

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