BCE mais pessimista sobre crescimento em 2020
As projeções macroeconómicas publicadas esta quinta-feira corrigiram em baixa o crescimento da zona euro para 2020, mas subiram a previsão de inflação para 1,1% no próximo ano
As projeções macroeconómicas publicadas esta quinta-feira corrigiram em baixa o crescimento da zona euro para 2020, mas subiram a previsão de inflação para 1,1% no próximo ano
Jornalista
O Banco Central Europeu (BCE) está mais pessimista sobre o crescimento económico da zona euro em 2020, mas reviu em alta a previsão de inflação para o próximo ano, segundo as projeções macroeconómicas divulgadas esta quinta-feira.
Apesar de Christine Lagarde referir "alguns sinais iniciais de estabilização no abrandamento da economia da zona euro" e de sublinhar, tal como o fez Mario Draghi nas últimas reuniões, que a economia se mantém "resiliente" face aos factores negativos globais, as projeções baixaram, agora, o crescimento em 2020 de 1,2% (na projeção de setembro) para 1,1%. Esta projeção para 2020 alinha com a da OCDE, mas fica, agora, abaixo da avançada pela Comissão Europeia (1,2%) e pelo Fundo Monetário Internacional (1,4%).
No entanto, as projeções reviram em alta a previsão para 2019 - de 1,1% para 1,2%. A décima a mais este ano, foi retirada no ano seguinte.
Para 2021 e 2022, a projeção de crescimento aponta para 1,4%, um crescimento "ainda relativamente fraco" (contudo em trajetória ascendente em relação a 1,1% em 2020), mas Lagarde não considera que esteja a caminhar-se para uma "japonização" da economia da zona euro.
Sublinhou que a resposta ao fraco crescimento da economia da zona euro depende, também, da política orçamental e de reformas estruturais por parte dos governos. "São precisos muitos para efetivamente dançar o balé que garanta a estabilidade de preços, mas também o emprego e o crescimento", referiu na sua primeira conferência de imprensa.
Neste quadro de projeções, o BCE manteve a política de estímulos herdada de Mario Draghi, nomeadamente as decisões tomadas em setembro (de reabertura do programa de compra de ativos e de agravamento da taxa negativa de remuneração de depósitos, ainda que com um escalão de isenção).
Mas, Lagarde sublinhou que os riscos (que os banqueiros centrais classificam de descendentes, ou seja, com efeitos negativos) "são agora em certa medida menos pronunciados". Acrescentou que há sinais "encorajadores" em matérias críticas como a guerra comercial e o desfecho do Brexit (com as eleições a decorrer esta quinta-feira no Reino Unido), que estão a evoluir "numa melhor direção". Contudo, a francesa não fez nenhuma "aposta" sobre a conclusão da "primeira fase" de um eventual acordo entre Washington e Pequim, de que se aguardam sinais de uma reunião na Casa Branca esta quinta-feira.
Em termos de inflação, as projeções são, agora, ligeiramente, mais otimistas - apontam para 1,1% em 2020 (uma revisão em alta de uma décima em relação à projeção de setembro) e uma aceleração para 1,4% em 2021 e 1,6% em 2022.
A projeção macroeconómica adicionou previsões para 2022, tendo Lagarde assinalado que, no último trimestre desse ano, a inflação deverá subir para 1,7%, o que aponta para uma trajetória de subida contínua de inflação, ainda que insatisfatória, pois continuará abaixo da meta de proximidade a 2%.
As novas projeções revelam uma dose de algum pessimismo sobre a evolução mundial.
Os técnicos do BCE reviram em baixa a projeção de crescimento mundial (excluindo a zona euro), cortando três décimas em 2020 e duas décimas em 2021, em relação às projeções de setembro. No entanto, haverá uma aceleração em relação a 2019 (com uma previsão de 2,9%), com crescimentos acima de 3%.
O corte é mais profundo em termos de evolução do comércio mundial, com a projeção do seu crescimento em 2020 a ser cortada substancialmente de 2,2% (na projeção de setembro) para 0,8%. Em relação a 2021, a nova projeção baixa o crescimento do comércio global de 2,9% para 2,4%. Refira-se, no entanto, que o comércio global sairá de uma situação de estagnação prevista para 2019.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt