A Reserva Federal (Fed), o banco central dos Estados Unidos, aprovou por unanimidade na última reunião do ano, concluída esta quarta-feira, manter a taxa diretora no intervalo entre 1,5% e 1,75%, decidido na reunião de outubro.
A equipa liderada por Jerome Powell não dá sinais de pretender descer ainda mais as taxas como tem exigido o presidente Trump.
Apesar das pressões da Administração Trump, e do calendário eleitoral em 2020, a Fed mantém a estratégia de pausa nas mexidas na taxa diretora, depois de três cortes este ano, em julho, setembro e outubro.
Longa pausa se mexer nas taxas
Os sinais dados pela equipa de Powell é que será uma longa pausa.
Segundo as projeções publicadas esta quarta-feira, a maioria dos banqueiros centrais norte-americanos não prevê mexidas em 2020 (o ano das presidenciais) e aponta para uma subida das taxas em 2021 até um ponto médio de 1,9%, uma décima e meia acima do ponto mais alto do atual intervalo (entre 1,5% e 1,75%).
No mercado de futuros das taxas da Fed, já depois de conhecida a decisão desta quarta-feira, uma probabilidade superior a 50% de um novo corte da taxa diretora só surge na reunião de setembro do próximo ano.
As previsões dos banqueiros centrais agora publicadas pela Fed revelam uma revisão em baixa da expetativa de taxas da Fed em 2019 e 2020 em relação a 1,9% avançada em setembro. A expetativa, agora, é que se mantenha em 1,6% nos dois anos.
Sublinhe-se que estas projeções não vinculam a Fed; são, apenas, a expressão das previsões dos banqueiros centrais.
Em relação aos indicadores do duplo mandato da Fed - controlo de inflação e desemprego -, o bom andamento da economia norte-americana (que vai no 11º ano de expansão e com níveis próximos do pleno emprego) continua a não se traduzir na subida da inflação para a meta de 2%.
Inflação continua a não acelerar
Os banqueiros não preveem que a inflação chega a 2% tão cedo - apenas em 2021. E reviram em baixa as previsões de desemprego até 2021, apontando para níveis de desemprego ainda mais baixos dos que os avançados em setembro. O desemprego deverá fechar em 3,6% em 2019 e cair para 3,5%, um mínimo de mais de meio século, no próximo ano.
A inflação continua a não acelerar e a relação verificada no passado entre crescimento económico prolongado, quase pleno emprego e aumento da inflação continua a ser muito fraca.
Quanto ao crescimento da economia ele deverá fechar este ano em 2,2% e abrandar ligeiramente para 2% no próximo ano, segundo as previsões dos banqueiros da Fed.
A pausa em prosseguir com os cortes nas taxas significa, também, que o banco central norte-americano considera que as três descidas realizadas este ano foram suficientes para reverter a curva invertida dos juros da dívida pública (quando taxas de títulos a curto prazo são mais elevadas do que as registadas em títulos de longo prazo). A curva invertida é um sinal antecipado de recessão no horizonte. No caso dos EUA, esteve invertida entre março e outubro deste ano.
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