Economia

Investidores emprestam €500 milhões à CGD. Mas interesse ascendia a €3.500 milhões

Investidores emprestam €500 milhões à CGD. Mas interesse ascendia a €3.500 milhões
RODRIGO ANTUNES/Lusa

Caixa paga taxa de juro de 1,25% para se financiar em 500 milhões de euros. Maior procura veio do Reino Unido. Operação pretende reforçar banco público em caso de dificuldades

Investidores emprestam €500 milhões à CGD. Mas interesse ascendia a €3.500 milhões

Diogo Cavaleiro

Jornalista

Um conjunto de investidores qualificados, na sua maioria gestoras de ativos, e sobretudo com sede no Reino Unido, emprestaram 500 milhões de euros à Caixa Geral de Depósitos (CGD). O financiamento entra para o cálculo dos instrumentos a utilizar pelo banco em caso de dificuldades. Até 2022, terão de ser financiados outros 1,5 mil milhões de euros.

“A Caixa Geral de Depósitos, S.A. realizou hoje uma emissão de dívida sénior não preferencial (senior non preferred), no montante de 500 milhões de euros, com o prazo de 5 anos e uma taxa de juro de 1,25%”, confirma o comunicado emitido pelo banco público esta segunda-feira.

O banco liderado por Paulo Macedo estava disponível a colocar títulos representativos de 500 milhões de euros. Só que, num contexto em que os próprios investidores têm poucos ativos para onde olhar à procura de rendimentos, a procura foi sete vezes superior. Havia 220 ordens que correspondiam a mais de 3.500 milhões de euros.

“A emissão foi colocada exclusivamente junto de investidores institucionais, na sequência do roadshow que teve lugar nos dias 14 e 15 de novembro em Lisboa, Paris e Londres, durante o qual a CGD realizou reuniões com cerca de 40 investidores”, indica ainda a mesma nota.

Dos investidores que acabaram por ficar com estes títulos, e numa altura em que o Brexit se aproxima, a maior parte é do “Reino Unido (28%), França (16%), Portugal (16%), Holanda (8%), Espanha (8%), e Itália (7%)”. “Por tipo de investidores salienta-se as gestoras de ativos, que tomaram mais de 70% do total da emissão”, indica o comunicado.

Falta 1,5 mil milhões

Segundo as contas divulgadas pela CGD há duas semanas, o valor estimado apontava para a emissão de 2 mil milhões de euros até 2022. Tanto serão colocados títulos de dívida sénior preferencial como sénior não preferencial (acima das obrigações subordinadas na hierarquia de insolvência). Com 500 milhões colocados, falta 75% daquele montante.

Esta emissão servirá para o plano de financiamento que foi já definido para o cumprimento dos requisitos no âmbito do MREL - requisitos mínimos para fundos próprios e passivos elegíveis, ou seja, o volume de instrumentos que um banco deve ter para absorver perdas em caso de dificuldades (ou de uma resolução).

“Esta emissão é a terceira colocada nos mercados de dívida internacionais desde o início da implementação do Plano Estratégico 2017-2020, todas com diferentes níveis de subordinação melhorando o perfil de risco da Caixa”, relembra o banco público. A CGD tinha de realizar emissão de obrigações por conta do plano estratégico, de títulos com maior nível de risco (para as camadas AT1 e T2). Na primeira emissão, de dívida perpétua, a CGD pagou juros de 10,75% para colocar 500 milhões, enquanto na operação de T2, dívida subordinada, pagou 5,75%. Os instrumentos de dívida hoje emitidos são dívida sénior não preferencial, portanto, menos arriscada que as anteriores.

"A receção e interesse manifestados por parte dos investidores refletem a evolução positiva registada pela CGD na implementação do plano, nomeadamente pela melhoria de rentabilidade, solvabilidade e qualidade dos ativos, traduzindo-se numa significativa diminuição do custo de financiamento da CGD", continuou ainda o banco liderado por Paulo Macedo.

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