Economia

EDP deverá perder este ano mais de 400 milhões de euros com as suas centrais a carvão

Termoelétrica de Sines não poderá continuar a queimar carvão depois de 2023
Termoelétrica de Sines não poderá continuar a queimar carvão depois de 2023
Luís Barra

A mais recente análise do centro de estudos CarbonTracker estima que 79% das centrais a carvão da Europa já estão a operar com prejuízo, devendo as perdas no final deste ano ascender aos 6,6 mil milhões de euros

EDP deverá perder este ano mais de 400 milhões de euros com as suas centrais a carvão

Miguel Prado

Editor de Economia

Produzir eletricidade a partir do carvão está a tornar-se insustentável não só no plano ambiental mas também no plano económico. A conclusão é do centro de estudos CarbonTracker, especializado nos temas da transição energética. Segundo um relatório divulgado esta quinta-feira, as centrais a carvão na Europa deverão este ano ter perdas de quase 6,6 mil milhões de euros, dos quais 404 milhões de euros por conta da EDP.

A análise deste "think tank" com sede em Londres estima que a EDP perderá na sua produção a carvão em Portugal (com a central de Sines) 125 milhões de euros este ano, em termos de EBITDA (resultados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações), mas também terá um prejuízo operacional de 279 milhões de euros na sua produção a carvão em Espanha.

Globalmente, estima o CarbonTracker, a produção de eletricidade a partir do carvão está este ano a operar com prejuízo em 79% da capacidade monitorizada (há dois anos era 46% a capacidade que operava com perdas). Pelos cálculos desta entidade, as centrais a carvão na União Europeia deverão este ano somar perdas de 6,57 mil milhões de euros, em função de estarem a produzir muito menos energia e com preços que estão longe de cobrir todos os custos das centrais (que incluem não só a matéria-prima, mas também o preço das licenças de emissão de dióxido de carbono, entre outras rubricas de encargos).

Segundo a mesma fonte, a empresa que este ano deverá ter maiores perdas decorrentes da sua exposição ao carvão é a alemã RWE, que deverá ter um EBITDA negativo de 975 milhões de euros nas suas termoelétricas a carvão.

Entre as principais concorrentes da EDP no mercado ibérico de eletricidade, a espanhola Endesa deverá ter este ano perdas de 529 milhões de euros e a Naturgy (antiga Gas Natural Fenosa) somará prejuízos de 92 milhões.

Recorde-se que em Portugal o Governo decidiu encerrar toda a produção a carvão o mais tardar até 2029. A central termoelétrica do Pego (Tejo Energia) irá fechar já em 2022, enquanto a central de Sines (EDP) ainda deverá funcionar até 2025, sendo incerto o ano em que de facto será desativada.

O encarecimento do carvão, o aumento do preço das licenças de CO2, a redução do custo do gás natural (concorrente na produção termoelétrica) e a maior capacidade a partir de fontes renováveis têm sido os principais fatores de redução da competitividade das centrais elétricas a carvão.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mprado@expresso.impresa.pt

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