A Anacom - Autoridade Nacional de Comunicações vai avançar com um leilão de frequências que os operadores de telecomunicações poderão usar para fornecer aos portugueses serviços em 5G, isto é, a quinta geração de comunicações móveis, que permitirá essencialmente maior velocidade de transmissão de dados. Não é ainda certo quanto todo o país ficará coberto pelas comunicações 5G, que começarão por ser disponibilizadas em apenas uma cidade.
O que é o 5G?
5G designa a quinta geração de comunicações móveis, uma nova etapa no desenvolvimento das telecomunicações que trará aos utilizadores ainda maior rapidez na transmissão de dados, que vêm ganhando velocidade e volume ao longo de décadas. Em 2016, 24 anos depois de as comunicações móveis terem entrado na segunda geração, com o GSM, "global system for mobile communications"), a Comissão Europeia aprovou um plano de ação para implementar no espaço comunitário o 5G, dados os benefícios desta nova geração, quer pela maior velocidade, quer por permitir novos negócios e o desenvolvimento da Internet das Coisas ("Internet of Things" na expressão original), isto é, a ligação digital entre objetos e aparelhos, com uma intervenção cada vez mais reduzida do ser humano. Ao reduzir o tempo de resposta nas redes, a transmissão de dados será mais rápida. Um utilizador conseguirá descarregar para o seu dispositivo móvel um filme em poucos segundos. A largura de banda será maior, a resolução das imagens e vídeos também irá melhorar. Os utilizadores conseguirão maior velocidade na transmissão de dados com um menor consumo de energia nas baterias dos smartphones. Também outros usos de dados por máquinas (como os veículos autónomos ou a telemedicina, por exemplo) sairão a ganhar com a implementação do 5G.
Quando chegará a Portugal?
Segundo a Anacom Portugal será um dos primeiros Estados-membros a disponibilizar as comunicações 5G. A União Europeia pretende que em 2020 cada país tenha 5G em pelo menos uma cidade. Para já a Anacom vai lançar um leilão de licenças de uso de várias faixas de comunicações. Esse leilão, que licitará as faixas de 700 MHz e 3,6 GHz, decorrerá de abril a junho do próximo ano. O objetivo de Bruxelas é que as redes e infraestruturas de suporte ao 5G sejam instaladas até 2025, altura em que as maiores cidades de cada país e as vias de transporte já deverão estar cobertas pelo serviço.
Quais são os obstáculos?
Em Portugal há alguns entraves ao desenvolvimento do 5G, como o facto de a faixa de 700 MHz, que está prevista por Bruxelas como prioritária para o 5G, estar atualmente a ser usado para transmitir a televisão digital terrestre (TDT). Por outro lado, também a faixa dos 3,6 GHz poderá enfrentar um desafio, já que desde 2010 o uso da faixa de 3,5GHz está nas mãos da empresa Dense Air. Este tema tem sido alvo de contestação por algumas operadoras, como a Nos e a Vodafone, que acusam a Anacom de ter favorecido a Dense Air na atribuição dos direitos à DenseAir, que na prática não tem feito uso dessa faixa. Adicionalmente, há o desafio de criação da infraestrutura de rede para suportar o 5G e da introdução no mercado dos smartphones desenhados para essa nova geração (eles já existem, mas com preços elevados).
Que fabricantes já têm telefones 5G?
Há vários fabricantes que já comercializam smartphones preparados para tirar partido das vantagens do 5G nos mercados onde esta nova geração já está disponível. A Motorola, por exemplo, comercializa o modelo Moto Z4 por cerca de 500 dólares. A LG também já disponibiliza o modelo LG V50 ThinQ. O Samsung Galaxy S10, por 750 dólares, está igualmente preparado para o 5G. E outros fabricantes, como a ZTE, Huawei e Xiaomi, têm também à venda nos seus catálogos vários equipamentos concebidos para aproveitar as comunicações 5G.
Há receios de espionagem?
Um relatório recente da Comissão Europeia indica que vários Estados-membros têm receio de que as redes 5G possam ser usadas por entidades de países terceiros (nomeadamente os ligados aos maiores fabricantes de equipamentos) para ter acesso a dados confidenciais dos utilizadores. O relatório expôs também preocupações com uma maior vulnerabilidade das redes europeias a ciberataques vindos de outros pontos do mundo.
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