Economia

NOS explica a falha na rede: “anomalia simultânea de dois sistemas de processamento de tráfego”

Edifício sede da NOS
Edifício sede da NOS
Jose Carlos Carvalho

É uma falha rara mas acontece. Esta terça-feira a rede da NOS esteve intermitente ou interrompida durante cerca de quatro horas a nível nacional

NOS explica a falha na rede: “anomalia simultânea de dois sistemas de processamento de tráfego”

Anabela Campos

Jornalista

"A NOS esclarece que a situação de instabilidade registada na sua rede móvel, durante o final da manhã de hoje, se deveu a uma anomalia simultânea de dois sistemas de processamento de tráfego", avança a empresa em comunicado. Curiosamente, a "anomalia" aconteceu no mesmo dia em que a operadora testava a rede de 5G (quinta geração) em Matosinhos, a cidade escolhida pela NOS para avançar com o piloto da chamada rede do futuro.

A operadora liderada por Miguel Almeida diz que "esta situação tem uma probabilidade absolutamente ínfima, dados os múltiplos níveis de redundância: lógica, física e geográfica". Mas a redundância neste caso falhou.

A NOS reafirma de novo que "ativou de imediato os procedimentos de gestão de crise, juntamente com os parceiros tecnológicos, o que permitiu a rápida resolução da situação e a reposição gradual dos serviços". A NOS tem uma quota de mercado de 24,7%, é o terceiro maior operador de mercado.

Tecnologias podem sempre falhar pontualmente

"A tecnologia pode deixar de funcionar quando menos esperamos e isto não quer dizer que a rede esteja mal dimensionada. Não é problema estrutural da rede, sendo antes um problema pontual. Problemas com as tecnologias são sempre passíveis de acontecer nas infraestruturas", explicou ao Expresso, Luís Correia, especialista telecomunicações, professor e investigador do Universidade de Lisboa, explicando que estava a falar em termos genéricos.

"Os procedimentos para repor as redes têm de ser seguidos e não é instantânea a reposição das redes; demora algum tempo, não é como ligar um interruptor de luz", sublinhou. Os problemas com a rede NOS começaram a verificar-se já depois das dez da manhã, e tiveram o seu pico entre as onze horas e meio dia, em diversas regiões do país, de norte a sul. Às 14:30, a operadora já considerava que a rede estava reposta.

"Em termos genéricos há duas razões para uma rede vir abaixo: problemas nas ligações entre os nós das redes (problemas nas fibras ópticas ou antenas, por exemplo) ou problemas nos próprios nós das redes (computadores). Pode acontecer localmente, como aconteceu por exemplo nos incêndios de Pedrogão, ou mais alargadamente numa região grande", salientou o investigador.

Os operadores têm redundância de rede, um mecanismo que permite uma ligação paralela sempre que a rede falha, e também computadores a desempenhar funções iguais em paralelo, esclareceu Luís Correia. "Aparentemente neste caso a redundância não funcionou, o que pode sempre acontecer, como aliás já aconteceu em alguns países na rede de energia", acrescentou.

Casos de falhanço de redes a nível nacional são raros, mas podem sempre acontecer, disse ainda Luís Correia, explicando que os operadores têm normalmente as redes divididas por regiões.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: ACampos@expresso.impresa.pt

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