O supervisor dos seguros já terá concluído que Tomás Correia não tem condições para presidir à associação mutualista. Conselho Geral da mutualista reúne a 24 de outubro.
Jornalista
Tomás Correia estará mesmo de saída da administração executiva da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG).
Na avaliação do supervisor da AMMG, a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), Tomás Correia não reúne "condições de idoneidade" para integrar o conselho de administração, de acordo com informações avançadas esta quinta-feira pelos jornais Público e Jornal Económico.
A ASF deverá aprovar todos os outros 22 nomes propostas para a gestão da mutualista, mas prepara-se para chumbar Tomás Correia. O supervisor tinha aberto processo de avaliação de idoneidade a ex-administradores após contra-ordenação do Banco de Portugal (BdP) Em fevereiro, o BdP aplicou uma multa de 1,25 milhões euros a Tomás Correia, por irregularidades quando era presidente do Banco Montepio. O agora designado Banco Montepio foi também multado em 2,5 milhões.
A AMMG, com 600 mil associados, é o topo do grupo Montepio e tem como principal empresa subsidiária a Caixa Económica Montepio Geral, que desenvolve o negócio bancário.
Segundo o Público desta quinta-feira, Tomás Correia já terá tido conhecimento do seu afastamento, de modo a que a mutualista possa preparar atempadamente a sua sucessão.
Ontem o Expresso dava também conta que Tomás Correia poderia anunciar a renúncia, antes de ser tornada pública a sua idoneidade pelo regulador dos seguros. Com este passo, o gestor do grupo Montepio desde 2003, antecipava em alguns dias uma decisão que se prenunciava desfavorável da ASF. E já teria comunicado a sua decisão a um circulo restríto de pessoas.
Mas, depois, uma fonte oficial da associação mutualista diria ao Expresso que Tomás Correia não iria "anunciar a sua saída da liderança da Associação Mutualista na reunião do conselho geral (CG) de 24 de outubro”.
Nessa reunião de 24 de outubro estarão presentes os conselheiros da AMMG, Ao Expresso, alguns destes membros admitiram que para a decisão de renúncia de Tomás Correia terá contribuído a expetativa de chumbo da avaliação de idoneidade pela ASF.
O conselho geral da Associação é composto por 12 membros, e dele fazem parte, entre outros, Maria de Belém Roseira, Luís Patrão, João Costa Pinto, Alípio Dias e Carlos Areal.
O processo de avaliação na ASF iniciou-se há cerca de três meses, já depois de ter tomado posse a nova equipa do regulador, liderada por Margarida Corrêa de Aguiar. E estava prevista a conclusão do processo para o final do mês de outubro.
A idoneidade do gestor foi discutida nas reuniões do Conselho Nacional de Supervisores Financeiros, do qual fazem parte também o Banco de Portugal e a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.
A pressão sobre Tomás Correia era grande, depois da condenação do BdP por actos de má gestão entre 2009 e 2014. mas, em setembro este processo do BdP, que desencadeou a avaliação da idoneidade pela ASF, sofreu um revés.O Tribunal do Comércio de Santarém declarou nula em primeira instância a condenação de Tomás Correia e dos outros administradores. O BdP recorreu da decisão.
O gestor está também sobre investigação do Ministério Público por créditos concedidos ao construtor José Guilherme, que o terá presenteado com 1,5 milhões de euros.
Tomás Correia saiu da liderança do Banco Montepio em 2015 por imposição do BdP, que separou nessa altura a gestão do banco e da associação mutualista. O gestor tem defendido que tem condições para continuar ao leme da associação mutualista e foi em coerência com essa posição que se candidatou às últimas eleições para a AMMG, em dezembro de 2018.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: AFerreira@expresso.impresa.pt
