Montepio: Tomás Correia poderá anunciar saída a 24 de outubro

Tomás Correia convocou o Conselho Geral da Associação Mutualista Montepio para o dia 24 de outubro. Será a última reunião deste órgão antes de ser extinto devido à alteração dos estatutos
Tomás Correia convocou o Conselho Geral da Associação Mutualista Montepio para o dia 24 de outubro. Será a última reunião deste órgão antes de ser extinto devido à alteração dos estatutos
Jornalista
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O presidente da Associação Mutualista Montepio, Tomás Correia, poderá anunciar a sua saída da liderança, apurou o Expresso. Se se confirmar, a renúncia ocorrerá a poucos dias da decisão sobre a avaliação da sua idoneidade pelo regulador dos seguros.
Com este eventual passo em frente Tomás Correia, no grupo Montepio desde 2003, antecipa em alguns dias a decisão da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), que se previa acontecesse até ao final do mês de outubro. O Expresso sabe que o gestor já terá tido informação da ASF sobre o sentido da decisão. O Jornal Económico noticiou entretanto que Tomás Correia afirmou que não está prevista qualquer renúncia ao cargo na reunião com o conselho geral.
Tomás Correia terá porém já comunicado a sua decisão a um circulo restríto de pessoas, soube Expresso. Mas só poderá confirmar-se a sua renúncia no dia 24 de outubro depois da reunião do conselho geral, onde estarão presentes os conselheiros da Associação Mutualista Montepio. Ao Expresso, alguns destes membros admitiram que para a decisão de Tomás Correia terá contribuído a expetativa de chumbo da avaliação de idoneidade pelo ASF. O conselho geral da Associação é composto por 12 membros, e dele fazem parte, entre outros, Maria de Belém Roseira, Luís Patrão, João Costa Pinto, Alípio Dias e Carlos Areal
A avaliação da idoneidade de Tomás Correia e dos órgãos sociais da Associação Mutualista do Montepio decorre da entrada em vigor do Código Mutualista há cerca de um ano, o que a coloca sobre a supervisão da ASF.
O processo de avaliação na ASF iniciou-se há cerca de três meses, já depois de ter tomado posse a nova equipa do regulador, liderada por Margarida Corrêa de Aguiar. E estava prevista a conclusão do processo para o final do mês de outubro. A idoneidade do gestor foi discutida nas reuniões do Conselho Nacional de Supervisores Financeiros, do qual fazem parte também o Banco de Portugal e a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.
A pressão sobre Tomás Correia era grande, uma vez que o gestor foi condenado ao pagamento de uma coima de 1,25 milhões de euros pelo Banco de Portugal por actos de má gestão entre 2009 e 2014, quando presidia ao Banco Montepio. O gestor está também sobre investigação do Ministério Público por créditos concedidos ao construtor José Guilherme, o homem que alegadamente deu um presente de 14 milhões de euros a Ricardo Salgado, e também o terá presenteado com 1,5 milhões de euros.
Tomás Correia saiu da liderança do Banco Montepio em 2015 por imposição do Banco de Portugual, que separou nessa altura a gestão do banco e da associação mutualista. O gestor tem defendido que tem condições para continuar ao leme da Associação e foi em coerência com essa posição que se candidatou às últimas eleições para a associação, em dezembro de 2018.
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